PEC que pode acabar com o aborto legal é aprovada pela CCJ da Câmara

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A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira, 27, uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que pode acabar com todas as possibilidades previstas no Brasil para a interrupção da gestação de forma legal. Hoje, o aborto pode ser feito em caso de risco de morte à gestante, no caso de gravidez decorrida de estupro ou caso o feto tenha anencefalia (má-formação do cérebro). O procedimento passaria a ser vetado mesmo nestes casos.

A discussão da PEC foi tumultuada, com protestos de manifestantes do movimento feminista. "Criança não é mãe/Estuprador não é pai", entoaram elas. Uma deputada chegou a rezar a Ave Maria no meio da confusão.

Já deputadas governistas se reuniram e chegaram a fazer um cordão em volta das manifestantes e acompanharam os gritos de "retira a PEC". A proposição agora vai para uma comissão especial, que precisará ser criada pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).

A PEC aprovada ontem recebeu 35 votos "sim" e 15 votos "não". Ela havia sido protocolada em 2012 pelo deputado federal cassado Eduardo Cunha (Republicanos-RJ). A redação proposta garante a "inviolabilidade do direito à vida desde a concepção". "A vida não se inicia com o nascimento e sim com a concepção", justificou Cunha à época.

Colateral

Manifesto publicado por nove organizações sociais contra a PEC argumenta que a proposição pode ir além de vetar o aborto legal. Ela poderia inviabilizar a fertilização in vitro, já que, no momento da implantação no útero após a fertilização, pode haver perda de embriões (no ano passado, 110 mil embriões foram descartados nesse procedimento).

Entre outros argumentos, esse manifesto diz que a PEC acaba com as possibilidades de aborto legal, viola o direito de planejamento familiar, pode proibir pesquisas em embriões não implantados, impede o acesso a diagnósticos de pré-natal e a técnicas de reprodução assistida, fortalece desigualdades raciais e viola direitos fundamentais. O texto é assinado pelas organizações Nem Presa Nem Morta, Rede de Desenvolvimento Humano (RedeH), Coletivo Feminista, Rede Nacional Feminista de Saúde, CFEmea, Comitê de América Latina e o Caribe para a Defesa dos Direitos das Mulheres (Cladem), Católicas pelo Direito de Decidir, Grupo Curumim e Criança Não é Mãe.

'Da vida' X 'do estuprador'

Oposicionistas chamam a iniciativa de "PEC da Vida", enquanto governistas dizem que é a "PEC do Estuprador", já que mulheres não poderiam mais interromper a gestação mesmo após terem sido estupradas. "O que se quer é obrigar crianças a serem mães e legitimar o estuprador. Contra a PEC do Estupro", disse a deputada Erika Kokay (PT-DF).

Do lado bolsonarista, parlamentares equiparam o aborto ao assassinato e defendem que a vida começa na concepção. "A busca aqui é exatamente a palavra assassinato mesmo. Aliás, eu vou deixar muito claro que desde os primórdios da criação que sangue de inocentes é buscado", diz Eli Borges (PL-TO), que presidiu a Frente Parlamentar Evangélica no primeiro semestre deste ano.

Na argumentação em defesa da PEC, cinco deputados - Mauricio Marcon (Podemos-RS), Coronel Fernanda (PL-MT), Gilson Marques (Novo-SC), Chris Tonietto (PL-RJ) e Eli Borges - expuseram um pequeno boneco que, segundo eles, representaria um feto que seria abortado. A presidente da CCJ, Caroline de Toni (PL-SC), defende a PEC e intensifica a agenda conservadora no colegiado faltando poucas semanas para o fim do seu mandato à frente da comissão.

O aborto já tinha entrado na pauta do Legislativo federal neste ano, com um projeto de lei que equiparava o aborto após 22 semanas de gestação ao crime de homicídio, estabelecendo penas de seis a 20 anos de prisão para a mulher que realizasse tal procedimento. A Câmara acelerou a tramitação desse projeto de lei no plenário em uma votação que durou cinco segundos. Após fortes críticas de movimentos populares e de organizações da sociedade civil, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), decidiu, em junho, criar uma comissão representativa para discutir o projeto e afirmou que essa proposição ficaria para o segundo semestre do ano. Até então, essa comissão não teve avanço.

Proposta segue agora para comissão especial

Com o texto aprovado na CCJ, a proposta precisa agora passar por uma comissão especial, que deve ser criada para que a Câmara analise essa matéria específica - não pelo mérito dela, mas porque se trata de um dispositivo que tem o poder de transformar a Constituição do País.

Após ser avaliada e aprovada por essa comissão, que deve ser constituída de membros indicados pelos partidos e tem o prazo de 40 sessões do plenário para dar um parecer, a PEC precisa ser votada pelo plenário da Câmara em dois turnos, respeitando o intervalo de cinco sessões entre as votações. O texto só seguirá para o Senado caso seja aprovado com 308 votos favoráveis dos deputados.

Uma vez na outra Casa, a proposta também deve passar pela CCJ de lá e, se aprovada, seguir para a votação do plenário em dois turnos. Se a PEC for alterada no Senado, deve voltar para a Câmara, onde precisa ser novamente votada. O trâmite continua até as duas Casas aprovarem o mesmo texto e que, uma vez aprovado, será promulgado como emenda constitucional em sessão do Congresso Nacional. Também é possível que só a parte com que os parlamentares de ambas as Casas concordaram seja promulgada.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O principal representante comercial dos Estados Unidos, Jamieson Greer, viajará para Genebra, na Suíça, ainda esta semana, onde terá encontro com seu homólogo da China para discutir questões comerciais, informou o escritório de Representação do Comércio americano (USTR, na sigla em inglês) nesta terça-feira. O comunicado não citou o nome da autoridade chinesa que participará da reunião.

Greer também se reunirá com a missão da Representação Comercial dos EUA na Organização Mundial do Comércio (OMC). A viagem prevê ainda encontro com a presidente da Suíça, Karin Ketter-Sutter, para discutir negociações sobre comércio recíproco.

"Sob a orientação do Presidente Trump, estou negociando com os países para reequilibrar nossas relações comerciais, a fim de alcançar reciprocidade, abrir novos mercados e proteger a segurança econômica e nacional dos Estados Unidos", disse Greer no comunicado.

"Espero ter reuniões produtivas com alguns dos meus colegas", pontuou.

High in the Clouds, livro infantil de Paul McCartney publicado em 2005, será adaptado em animação com elenco de voz composto por nomes famosos. Os personagens principais serão dublados por Celine Dion, Himesh Patel (protagonista do longa Yesterday) e Hannah Waddingham. A informação é da revista Variety, que também cravou participação do ex-Beatle Ringo Starr no filme.

Idris Elba, Lionel Richie, Jimmy Fallon, Clémence Poésy, Pom Klementieff e Alain Chabat também estão entre os que emprestarão suas vozes à trama de McCartney. O livro foi escrito pelo astro junto do britânico Philip Ardagh, e ilustrado por Geoff Dunbar.

A animação será dirigida por Toby Genkel, de Epa! Cadê o Noé? e O Fabuloso Maurício. O roteiro é de Jon Crocker, de Paddington 2, e o design de produção é de Patrick Hanenberger, de A Origem dos Guardiões.

Ainda segundo a Variety, o filme contará com composições originais de McCartney e trilha sonora de Michael Giacchino, ganhador do Oscar por Up: Altas Aventuras.

A Warner oficializou nesta terça-feira, 6, a sequência de Da Magia à Sedução, clássico cult de 1998 estrelado por Sandra Bullock e Nicole Kidman. O estúdio confirmou o retorno de ambas as atrizes. Akiva Goldsman, um dos roteiristas do filme original, escreve a sequência, que terá direção de Susanne Bier (O Casal Perfeito).

Inspirado no livro de Alice Hoffman, Da Magia à Sedução acompanha Sally e Gillian Owens, duas irmãs bruxas criadas em uma pequena cidade de Massachusetts que tentam quebrar uma maldição ancestral que as impede de encontrar um amor. Além de Bullock e Kidman, o elenco contava ainda com Dianne Wiest, Stockard Channing e Evan Rachel Wood.

Em seu lançamento original em 1998, Da Magia à Sedução não teve sucesso, arrecadando apenas US$ 68,3 milhões nas bilheterias mundiais, valor bem abaixo de seu orçamento, estimado em US$ 75 milhões. Além disso, o filme foi mal recebido pela crítica especializada da época. A produção, no entanto, ganhou status cult após seu lançamento em home video e, mas recentemente, sua chegada ao streaming.

O novo filme adaptará O Livro da Magia, capítulo final da saga de fantasia de Hoffman lançado em 2021. A história mostrará a família Owens voltando para a Europa, onde sua ancestral conjurou a maldição que as afeta há séculos, descobrindo segredos e testando os limites de seus poderes.

A sequência de Da Magia à Sedução estreia em 18 de setembro de 2026 nos Estados Unidos. O filme original está disponível para streaming na Max.