Após uma manhã e início de tarde marcados por instabilidade, o dólar à vista se firmou em terreno negativo nas duas últimas horas de sessão e fechou em leve queda, acompanhando a perda de fôlego da moeda americana no exterior. Houve uma apreciação de divisas europeias e emergentes diante de possível início de tratativas para pôr fim à guerra na Ucrânia. Pela manhã, o dólar havia subido com a leitura acima das expectativas da inflação ao consumidor nos EUA em janeiro.
À tarde, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que negociações de paz na Ucrânia devem começar imediatamente, após relato de uma conversa telefônica "longa de produtiva" com o líder russo, Vladimir Putin. Segundo o Kremlin, os dois presidentes concordaram em manter contato direto e organizar encontros pessoais para tratar do tema.
Em seguida, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou, na rede social X (ex-Twitter), que teve uma conversa "significativa" com Trump sobre as oportunidades para alcançar a paz na região. Ministros das relações exteriores de França, Alemanha e Espanha reagiram com a afirmação de que não é possível chegar a um acordo de paz sem envolvimento dos europeus.
A revelação de conversas entre os líderes levou a um tombo de mais de 2% das cotações do petróleo e tirou força do dólar no exterior. Termômetro do comportamento da moeda americana em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY trocou de sinal e rompeu o piso dos 108,000 pontos, com mínima aos 107,627 pontos.
Por aqui, a moeda se firmou em baixa e chegou a furar pontualmente o nível de R$ 5,75, com mínima a R$ 5,7437. No fim do pregão, o dólar era negociado a R$ 5,7631, em queda de 0,08%. Foi o terceiro pregão consecutivo de baixa da divisa, que recua 0,53% na semana e 1,26% em fevereiro.
O real, que vinha liderando os ganhos entre moedas emergentes, hoje teve em certos momentos desempenho inferior ao do peso mexicano. Destaque para o avanço de mais de 1% do peso chileno, impulsionado pela alta de mais de 2% dos preços do cobre e do tom mais duro da ata do Banco Central do Chile, que mostrou preocupações com a inflação ao manter a taxa básica em 5% em janeiro.
"O real vem de uma sequência de valorização prolongada e hoje parece ter um ajuste em relação a outras moedas. O clima passou a ser de muita volatilidade, com as incertezas geradas pela política de taxação do governo americano", afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, acrescentando que a moeda brasileira é amparada pela taxa de juros elevada, e em ascensão, conforme já sinalizou o Banco Central. "Mas, no meu ponto de vista, a cotação já está em próxima do piso, uma vez que a questão fiscal continua sem solução".
Pela manhã, o dólar até ensaiou um movimento pontual de alta, com máxima a R$ 5,7873, em sintonia com o exterior, após a divulgação de dados de inflação nos EUA. O índice de preços ao consumidor e seu núcleo apresentaram variação acima das expectativas em janeiro, o que provocou alta das taxas dos Treasuries e fortalecimento global da moeda americana.
"Com o CPI muito alto, as taxas de juros nos EUA subiram e o dólar se valorizou contra todas as moedas pela manhã, inclusive ante o real", afirma o head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt. "O CPI pode sugerir que a recente desaceleração da inflação perdeu fôlego. É provável que o Fed não corte mais os juros neste ano".
Em audiência na Câmara dos Representantes do EUA, o presidente do Fed, Jerome Powell, reiterou que não há pressa em ajustar a política monetária. "É possível que tenhamos que agir com juro de acordo (com tarifas), mas é preciso esperar. Adotaremos decisões sobre juros com base em dados, sem foco em uma política particular", disse Powell.
Dólar tem leve queda com chance de um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia
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