Advogado escalado pela OAB para acompanhar colegas sob suspeita de fraude acaba preso também

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O advogado Rodrigo Moreira Marinho, de Cuiabá, protagonizou um capítulo à parte na Operação Sepulcro Caiado, deflagrada nesta quarta, 30, para desmontar um esquema de desvio de R$ 21 milhões da conta única do Tribunal de Justiça do Estado. Na condição de suplente do Conselho Estadual da Ordem dos Advogados do Brasil, Marinho foi designado para acompanhar as diligências da Polícia Judiciária Civil em escritórios de sete advogados, todos sob suspeita de ligação com a fraude milionária. Mas ele próprio acabou detido porque é um dos investigados e tinha contra si mandado de prisão.

Até a publicação deste texto, o Estadão buscou contato com a defesa de Marinho e pediu manifestação da Ordem, mas sem sucesso. O espaço está aberto.

O Estatuto da Advocacia (Lei 8906/94) prevê a comunicação prévia da Ordem para acompanhar buscas contra advogados por supostos crimes no exercício da profissão. A mobilização da OAB visa blindar o sigilo profissional.

Sepulcro Caiado nas ruas, logo cedo na quarta, 30, Rodrigo Marinho chegou à Polícia para acatar a missão que a OAB lhe incumbiu, vez que um núcleo de sete advogados é alvo da operação. Uma surpresa o aguardava - ele próprio ouviu voz de prisão do delegado como um dos suspeitos citados na decisão judicial.

A Polícia considerou 'uma coincidência' o que ocorreu com Marinho. Como ele não sabia que era um dos alvos de mandado de prisão acabou caindo inadvertidamente na malha fina da Sepulcro Caiado.

A operação prendeu 10 investigados, entre advogados, empresários e servidores. Um funcionário do TJ está foragido. O inquérito foi avocado pelo Superior Tribunal de Justiça. A filha e o genro de um desembargador estão sob suspeita.

As audiências de custódia realizadas horas depois das prisões analisaram os casos de quatro investigados. Três deles não passaram pela audiência - dois por terem sido presos em outros Estados e um por estar foragido.

Durante as audiências, foi concedida prisão domiciliar a uma gestante e revogada a prisão de uma mulher de 75 anos de idade.

As decisões se limitaram à análise da legalidade das prisões.

'Práticas delituosas'

A trama, segundo a Polícia, era desenvolvida via ajuizamento de ações de cobrança sem conhecimento das partes, com simulação de quitação da dívida por meio de depósito judicial. Aos autos eram anexados comprovantes de pagamentos falsificados.

Segundo o juiz Moacir Rogério Tortato, do Núcleo de Justiça do Juiz de Garantias, o advogado Rodrigo Marinho e seus colegas 'compõem, em tese, grupo que há anos realiza práticas delituosas'.

Amparado nos autos da Operação Sepulcro Caiado, o magistrado citou passo a passo como a trama era executada:

- ajuizamento de ações de execução baseadas em documentos falsificados;

- inserção de procurações ideologicamente falsas, mediante as quais se conferiam poderes a advogados não contratados pelas vítimas;

- apresentação de comprovantes de pagamento forjados com o objetivo de induzir o juízo em erro;

- confecção, por servidores vinculados ao Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, de planilhas simulando depósitos realizados na Conta Única do Tribunal de Justiça;

- obtenção indevida de alvarás judiciais sem lastro financeiro verdadeiro, permitindo o levantamento de valores em prejuízo ao erário, especialmente ao Tribunal.

Sofisticado esquema

Para Moacir Tortato, 'as condutas evidenciam um sofisticado esquema voltado à subtração/apropriação/obtenção indevida de recursos públicos e à lavagem de capitais, por meio da instrumentalização do Poder Judiciário, da indevida atuação funcional junto ao órgão, bem como da indevida atuação profissional de atores da advocacia'.

No curso da investigação foram identificados 17 processos judiciais com as digitais da organização. O empresário João Gustavo Ricci Volpato é apontado como um dos artífices do esquema. Ele é casado com Flávia de Oliveira Santos Volpato, filha do desembargador Rubens de Oliveira.

Flávia foi alvo de buscas e teve o sigilo bancário, fiscal e telemático quebrado. Seu marido está preso.

Em sua decisão, Moacir Tortato destaca os advogados João Miguel da Costa Neto, Denise Alonso, Régis Poderoso de Souza e Rodrigo Marinho.

Marinho, segundo a investigação, representou o genro do desembargador em um processo movido contra um casal que culminou no recebimento de R$ 580 mil 'cuja origem e destinação apresentaram inconsistências identificadas após requisições ao Banco do Brasil para o Tribunal de Justiça'.

Em um outro processo, Marinho atuou na defesa de uma mulher 'em litígio contra a RV Empresa de Cobrança Ltda- ME, da qual João Gustavo Ricci Volpato é sócio, 'revelando possível conflito de interesses e revezamento de posições processuais com fins escusos'.

A vítima informou que 'jamais outorgou' procuração a Rodrigo Marinho, cujo nome consta nos autos da execução judicial. Ela também negou ter efetuado o pagamento judicial de R$ 150.421,68, alegando 'não possuir capacidade econômica para tanto'.

Em um outro caso identificado pela Polícia também houve 'repetição do padrão fraudulento, com ajuizamento de ações de execução baseadas em dívidas inexistentes, acordos simulados e pagamentos inconsistentes, beneficiando sócios das empresas autoras (...) bem como os advogados João Miguel da Costa Neto, Denise Alonso, Régis Poderoso e Rodrigo Marinho'.

A Polícia requisitou informações ao Banco do Brasil sobre as guias de pagamento, 'sendo identificadas inúmeras incongruências, reforçando a tese de fraude processual e desvio de recursos públicos mediante articulação com servidores do Poder Judiciário'.

'Atuação conivente'

A organização contava com a 'atuação conivente dos advogados Wagner Vasconcelos de Moraes, Melissa França Praeiro Vasconcelos de Moraes, Rodrigo Marinho, Themis Lessa da Silva, João Miguel da Costa Neto, Régis Poderoso de Souza e Denise Alonso, os quais se revezam na representação processual, ora figurando como patronos da parte exequente, ora como supostos representantes da parte executada, mesmo sem a devida outorga de poderes por esta última, havendo, inclusive, indícios da utilização de procurações falsas ou desprovidas de validade jurídica'.

O juiz anota que, em seguida, eram formalizados 'acordos judiciais com valores vultosos, admitindo-se encargos desproporcionais, bem como a renúncia deliberada a prazos recursais legalmente previstos, culminando na solicitação de vinculação de valores com base em comprovantes de pagamento que, ao menos nesta fase da investigação, apresentam-se como inidôneos, indicando tentativa de conferir aparência de legalidade a operações possivelmente voltadas à dissimulação da origem e do destino de recursos de procedência ilícita'.

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Para o ex-embaixador do Brasil em Washington Rubens Barbosa, no caso das tarifas levantadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra importações do Brasil, faz-se necessário separar a escalada político-diplomática da escalada comercial. O embaixador fez essa recomendação ao participar no período da manhã desta sexta-feira de evento organizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) e que trata dos impactos do tarifaço sobre a economia brasileira.

"Não há alternativa para o Brasil, nós temos que separar a questão da escalada político-diplomática da escalada comercial. Quer dizer, nós negociamos a parte comercial muito bem na minha visão, foram feitos contatos seguidos desde abril até recentemente, no nível do Ministério da Indústria e Comércio, com o Ministério do Comércio dos EUA e com a US Chamber of Commerce. E as empresas brasileiras foram para os Estados Unidos conversar com as suas contrapartes americanas e com a US Chamber of Commerce para que eles pressionem o governo americano em função dos próprios interesses americanos. E isso foi bem sucedido", disse Barbosa.

Para o ex-embaixador, as negociações no campo comercial beneficiaram diretamente e positivamente perto de 50% das exportações brasileiras, o que foi um alívio, um parcial do impacto negativo sobre o setor privado, industrial e agrícola.

"Em relação à escalada política e diplomática, eu acho que o governo tem que fazer alguma coisa. Não é possível você ficar oito meses com a oposição bolsonarista lá em Washington, sozinha, falando para o governo americano o tempo todo, sem nenhuma participação do governo brasileiro, para mostrar que o que estava sendo falado não correspondia à verdade, que o judiciário é independente, enfim, com tudo isso que nós sabemos", criticou o ex-embaixador.

Ele observa que, só na quarta-feira, depois de seis meses, houve um primeiro contato do ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, com o Departamento de Estado Americano. "Eu acho que é um começo, nós temos que estimular isso, mas acho que essa escalada ainda não terminou. Por isso que eu estou mencionando isso. Quer dizer, se nós formos retaliar medidas políticas com medidas econômicas, vai ser contra o interesse brasileiro", avaliou Barbosa.

Ele voltou a ridicularizar a carta que Trump enviou ao governo brasileiro em 9 de julho. "Desde o começo eu mostrei que a Carta de 9 de julho era uma carta circular que foi mandada para todos os países, inclusive não se deram nem o trabalho de mudar o déficit do Brasil perante os EUA pelo superávit lá. Deixaram o déficit lá, o que mostra que era uma carta circular e foi introduzido, na última hora, o primeiro parágrafo", disse Barbosa.

A Rússia anunciou, nesta quinta-feira, 31, que suas forças assumiram o controle total da cidade estrategicamente importante de Chasiv Iar, na região oriental de Donetsk, no leste na Ucrânia. Kiev nega ocupação.

O Ministério da Defesa russo indicou em um comunicado que Chasiv Iar "foi libertada pelas forças russas". Moscou segue conquistando territórios na Ucrânia, embora o presidente americano, Donald Trump, tenha imposto um prazo de seis dias, a partir de terça-feira, 29, para que seu homólogo russo, Vladimir Putin, encerre o conflito, sob pena de sanções.

Tropas russas e ucranianas lutam pelo controle de Chasiv Iar há quase 18 meses. A região inclui um topo de colina de onde as tropas podem atacar outros pontos-chave na região, que formam a espinha dorsal das defesas orientais da Ucrânia.

Victor Trehubov, porta-voz militar ucraniano, negou a alegação da Rússia. "Apenas uma invenção, não houve nem mesmo uma mudança na situação", disse ele à agência Associated Press.

Um relatório divulgado nesta quinta pelo Estado-Maior do Exército da Ucrânia informou que houve sete confrontos em Chasiv Iar nas últimas 24 horas. Um mapa anexo mostrava a maior parte da cidade sob controle russo.

O DeepState, um mapa ucraniano de código aberto amplamente utilizado pelos militares e analistas, mostrou na manhã desta quinta que os bairros ao sul e oeste de Chasiv Iar permaneciam como as chamadas zonas cinzentas, ou seja, não controlados por nenhum dos lados.

Moscou também intensificou seus ataques nas últimas semanas, muitas vezes com centenas de drones e mísseis, segundo Kiev.

Bombardeios durante a noite na capital da Ucrânia mataram pelo menos 13 pessoas, incluindo um menino de 6 anos, e feriram outras 132, disseram autoridades nesta quinta.

Uma menina de 5 meses estava entre as 14 crianças feridas, informou o Serviço de Emergência da Ucrânia. Foi o maior número de crianças feridas em um único ataque a Kiev desde o início da invasão russa, há três anos, de acordo com registros públicos consultados pela Associated Press.

A Rússia disparou 309 drones Shahed e de distração, além de oito mísseis de cruzeiro Iskander-K durante a noite, informou a Força Aérea Ucraniana. As defesas aéreas interceptaram e bloquearam 288 drones de ataque e três mísseis. Cinco mísseis e 21 drones atingiram alvos.

Os esforços diplomáticos parecem estar em um impasse. Putin exige que a Ucrânia ceda à Rússia as regiões de Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia, cuja anexação foi reivindicada por Moscou, e que a Ucrânia desista de aderir à Otan.

As condições são consideradas inaceitáveis pela Ucrânia e seus aliados ocidentais.

A Ucrânia exige que o Exército russo se retire completamente do seu território.

"Hoje, o mundo viu mais uma vez a resposta da Rússia ao nosso desejo de paz com os EUA e a Europa", disse o presidente ucraniano Volodmir Zelenski. "Novos assassinatos demonstrativos. É por isso que a paz sem força é impossível."

Ele pediu aos aliados da Ucrânia que cumpram os compromissos de defesa e pressionem Moscou por negociações reais.

Líderes ocidentais acusaram Putin de procrastinar os esforços de paz liderados pelos EUA na tentativa de conquistar mais terras ucranianas. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Um bebê de um ano teria mordido uma cobra até a morte enquanto brincava em sua casa na cidade de Bettiah, no estado de Bihar, no norte da Índia, perto da fronteira com o Nepal. As informações são do jornal britânico The Independent, que cita o noticiário local.

O menino foi identificado como Govinda Kumar. A avó da criança contou à imprensa indiana que a família viu a cobra enrolada no braço de Govinda e todos correram em sua direção, "mas, enquanto isso, ele já havia mordido a cobra, matando-a na hora".

Govinda desmaiou, foi levado às pressas para um centro de saúde primário para tratamento inicial e depois para o Hospital Universitário Médico do Governo da cidade, onde ficou em observação até ter alta, segundo o veículo britânico e a mídia local.

O veneno teve efeitos supostamente leves, apenas deixando o menino inconsciente. "O tratamento oportuno salvou a vida de Govinda", disse Saurabh Kumar, médico do hospital, ao Times of India.

Segundo a equipe médica, a morte da cobra parece ter sido decorrente de traumatismo craniano e bucal causados pela mordida de Govinda, diz o Times of India.

O The Independent afirma que a Índia possui cerca de 300 espécies de cobras, incluindo 60 altamente venenosas, e que o país registrou mais de um milhão de mortes por picadas de cobra de 2000 a 2019, de acordo com um estudo publicado em 2020 na revista eLife.