'Empresa 1', 'empresa 2'; CGU revela como dinheiro de emendas fluía para evento de e-sports

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Na ação conjunta com a Polícia Federal para deflagração da Operação Korban, a Controladoria-Geral da União alega que supostas fraudes em um esquema de emendas parlamentares destinados à Associação Moriá causaram um prejuízo de R$ 13,2 milhões aos cofres públicos. A CGU aponta irregularidades em empresas contratadas para a realização dos Jogos Estudantis Digitais no Distrito Federal, fraudes em contratos públicos e uso de empresas de fachada.

Na terça-feira, 29, o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, autorizou a realização de buscas em 16 endereços no Acre, Paraná, Goiás e Distrito Federal, resultando no bloqueio patrimonial de R$ 25 milhões.

O caso tramita no Supremo porque, segundo a PF, há "indícios de que agentes públicos, dentre os quais os parlamentares responsáveis pela indicação de emendas, podem ter participado, pelo menos, dos processos de desvios, notadamente a partir do direcionamento e/ou redimensionamento dos recursos encaminhados via emendas". Até o momento, nenhum parlamentar é alvo direto das investigações.

Um dos elementos centrais da investigação é a relação entre a associação e a empresa Alpha Tech, que tem como sócio o contador Adriano de Andrade Marrocos. De acordo com a Polícia Federal, Marrocos atuava como "lobista", mantendo um relacionamento próximo com o senador Izalci Lucas (PL-DF), responsável por direcionar R$ 9,4 milhões em emendas para o evento.

Izalci não foi alvo da operação. Ao Estadão, o senador disse: "Foi para mim uma surpresa. Nunca falei com ele sobre nada disso". A reportagem busca contato com Adriano Marrocos. O espaço segue aberto.

De acordo com a PF, a Associação Moriá recebia verbas, direcionadas por emendas parlamentares, para realizar o Circuito de Jogos Digitais no Distrito Federal. A investigação diz que a entidade contratava, por um preço mais alto, empresas ligadas a lobistas que haviam influenciado no envio das emendas.

Para a CGU, também há indícios de que a Associação Moriá fraudou o processo de licitação para o recebimento dos recursos, indicando falsas empresas concorrentes que se intitularam 'Empresa 1' e 'Empresa 2'. Nota Técnica da CGU ressalta que as empresas fantasmas haviam copiado a mesma planilha de orçamento da Moriá, indicando os mesmos fornecedores.

"Há fortes indícios de falsificação de alguns documentos, com a aposição fraudulenta de assinaturas. Conforme já referenciado, o proprietário da Unik afirmou nunca ter preparado orçamentos para a Associação Moriá, o que conduz a evidentes indicativos de fraude documental", destaca o documento da Controladoria.

Com relação às terceirizadas, a apuração demonstra que uma empresa ligada à Moriá contratou os serviços de dirigentes da própria associação para realizar os mesmos serviços, promovendo 'o pagamento dissimulado de lucros a dirigentes da Moriá'.

Segundo a CGU, a prestação de contas da associação 'busca dar aparência de licitude aos contratos, de maneira a não levantar suspeitas quanto aos desvios (que ficariam muito mais claros se apenas uma empresa fosse sempre a contratada)'.

Em relação às empresas de fachada, os investigadores consideram que duas empresas contratadas reúnem os elementos típicos para a fraude, como a falta de sede compatível, carência de quadro de funcionários e ausência de serviços anteriores.

Outras duas terceirizadas, dotadas de histórico de efetivo funcionamento, teriam servido como meras 'laranjas' de fornecedoras ocultas, 'a fim de se dissimular vínculo mais direto com a entidade convenente e antecedente desabonador em contratações públicas e, com isso, evadir maior escrutínio'.

COM A PALAVRA, O SENADOR IZALCI LUCAS

"Foi para mim uma surpresa. Nunca falei com ele sobre nada disso. Minha relação com ele são interesses dos contadores. Ele foi presidente do Conselho Regional de Contadores e é conselheiro do Conselho Federal de Contadores. As fotos divulgadas são de sessões solenes em homenagem aos contadores, minha profissão. Ele foi candidato pelo PSD, eu era na época do PSDB."

COM A PALAVRA, A ASSOCIAÇÃO MORIÁ

Em nota, a Moriá alegou que foi surpreendida pela decisão e que esta à disposição 'para prestar todas as informações necessárias que demonstrem a lisura dos seus procedimentos, assim como das condutas de seus dirigentes'.

A entidade também alegou que os seus advogados não tiveram 'acesso aos autos que determinaram a medida cautelar e, portanto, não se manifestará, ainda, por desconhecer as razões da decisão'.

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Para o ex-embaixador do Brasil em Washington Rubens Barbosa, no caso das tarifas levantadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra importações do Brasil, faz-se necessário separar a escalada político-diplomática da escalada comercial. O embaixador fez essa recomendação ao participar no período da manhã desta sexta-feira de evento organizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) e que trata dos impactos do tarifaço sobre a economia brasileira.

"Não há alternativa para o Brasil, nós temos que separar a questão da escalada político-diplomática da escalada comercial. Quer dizer, nós negociamos a parte comercial muito bem na minha visão, foram feitos contatos seguidos desde abril até recentemente, no nível do Ministério da Indústria e Comércio, com o Ministério do Comércio dos EUA e com a US Chamber of Commerce. E as empresas brasileiras foram para os Estados Unidos conversar com as suas contrapartes americanas e com a US Chamber of Commerce para que eles pressionem o governo americano em função dos próprios interesses americanos. E isso foi bem sucedido", disse Barbosa.

Para o ex-embaixador, as negociações no campo comercial beneficiaram diretamente e positivamente perto de 50% das exportações brasileiras, o que foi um alívio, um parcial do impacto negativo sobre o setor privado, industrial e agrícola.

"Em relação à escalada política e diplomática, eu acho que o governo tem que fazer alguma coisa. Não é possível você ficar oito meses com a oposição bolsonarista lá em Washington, sozinha, falando para o governo americano o tempo todo, sem nenhuma participação do governo brasileiro, para mostrar que o que estava sendo falado não correspondia à verdade, que o judiciário é independente, enfim, com tudo isso que nós sabemos", criticou o ex-embaixador.

Ele observa que, só na quarta-feira, depois de seis meses, houve um primeiro contato do ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, com o Departamento de Estado Americano. "Eu acho que é um começo, nós temos que estimular isso, mas acho que essa escalada ainda não terminou. Por isso que eu estou mencionando isso. Quer dizer, se nós formos retaliar medidas políticas com medidas econômicas, vai ser contra o interesse brasileiro", avaliou Barbosa.

Ele voltou a ridicularizar a carta que Trump enviou ao governo brasileiro em 9 de julho. "Desde o começo eu mostrei que a Carta de 9 de julho era uma carta circular que foi mandada para todos os países, inclusive não se deram nem o trabalho de mudar o déficit do Brasil perante os EUA pelo superávit lá. Deixaram o déficit lá, o que mostra que era uma carta circular e foi introduzido, na última hora, o primeiro parágrafo", disse Barbosa.

A Rússia anunciou, nesta quinta-feira, 31, que suas forças assumiram o controle total da cidade estrategicamente importante de Chasiv Iar, na região oriental de Donetsk, no leste na Ucrânia. Kiev nega ocupação.

O Ministério da Defesa russo indicou em um comunicado que Chasiv Iar "foi libertada pelas forças russas". Moscou segue conquistando territórios na Ucrânia, embora o presidente americano, Donald Trump, tenha imposto um prazo de seis dias, a partir de terça-feira, 29, para que seu homólogo russo, Vladimir Putin, encerre o conflito, sob pena de sanções.

Tropas russas e ucranianas lutam pelo controle de Chasiv Iar há quase 18 meses. A região inclui um topo de colina de onde as tropas podem atacar outros pontos-chave na região, que formam a espinha dorsal das defesas orientais da Ucrânia.

Victor Trehubov, porta-voz militar ucraniano, negou a alegação da Rússia. "Apenas uma invenção, não houve nem mesmo uma mudança na situação", disse ele à agência Associated Press.

Um relatório divulgado nesta quinta pelo Estado-Maior do Exército da Ucrânia informou que houve sete confrontos em Chasiv Iar nas últimas 24 horas. Um mapa anexo mostrava a maior parte da cidade sob controle russo.

O DeepState, um mapa ucraniano de código aberto amplamente utilizado pelos militares e analistas, mostrou na manhã desta quinta que os bairros ao sul e oeste de Chasiv Iar permaneciam como as chamadas zonas cinzentas, ou seja, não controlados por nenhum dos lados.

Moscou também intensificou seus ataques nas últimas semanas, muitas vezes com centenas de drones e mísseis, segundo Kiev.

Bombardeios durante a noite na capital da Ucrânia mataram pelo menos 13 pessoas, incluindo um menino de 6 anos, e feriram outras 132, disseram autoridades nesta quinta.

Uma menina de 5 meses estava entre as 14 crianças feridas, informou o Serviço de Emergência da Ucrânia. Foi o maior número de crianças feridas em um único ataque a Kiev desde o início da invasão russa, há três anos, de acordo com registros públicos consultados pela Associated Press.

A Rússia disparou 309 drones Shahed e de distração, além de oito mísseis de cruzeiro Iskander-K durante a noite, informou a Força Aérea Ucraniana. As defesas aéreas interceptaram e bloquearam 288 drones de ataque e três mísseis. Cinco mísseis e 21 drones atingiram alvos.

Os esforços diplomáticos parecem estar em um impasse. Putin exige que a Ucrânia ceda à Rússia as regiões de Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia, cuja anexação foi reivindicada por Moscou, e que a Ucrânia desista de aderir à Otan.

As condições são consideradas inaceitáveis pela Ucrânia e seus aliados ocidentais.

A Ucrânia exige que o Exército russo se retire completamente do seu território.

"Hoje, o mundo viu mais uma vez a resposta da Rússia ao nosso desejo de paz com os EUA e a Europa", disse o presidente ucraniano Volodmir Zelenski. "Novos assassinatos demonstrativos. É por isso que a paz sem força é impossível."

Ele pediu aos aliados da Ucrânia que cumpram os compromissos de defesa e pressionem Moscou por negociações reais.

Líderes ocidentais acusaram Putin de procrastinar os esforços de paz liderados pelos EUA na tentativa de conquistar mais terras ucranianas. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Um bebê de um ano teria mordido uma cobra até a morte enquanto brincava em sua casa na cidade de Bettiah, no estado de Bihar, no norte da Índia, perto da fronteira com o Nepal. As informações são do jornal britânico The Independent, que cita o noticiário local.

O menino foi identificado como Govinda Kumar. A avó da criança contou à imprensa indiana que a família viu a cobra enrolada no braço de Govinda e todos correram em sua direção, "mas, enquanto isso, ele já havia mordido a cobra, matando-a na hora".

Govinda desmaiou, foi levado às pressas para um centro de saúde primário para tratamento inicial e depois para o Hospital Universitário Médico do Governo da cidade, onde ficou em observação até ter alta, segundo o veículo britânico e a mídia local.

O veneno teve efeitos supostamente leves, apenas deixando o menino inconsciente. "O tratamento oportuno salvou a vida de Govinda", disse Saurabh Kumar, médico do hospital, ao Times of India.

Segundo a equipe médica, a morte da cobra parece ter sido decorrente de traumatismo craniano e bucal causados pela mordida de Govinda, diz o Times of India.

O The Independent afirma que a Índia possui cerca de 300 espécies de cobras, incluindo 60 altamente venenosas, e que o país registrou mais de um milhão de mortes por picadas de cobra de 2000 a 2019, de acordo com um estudo publicado em 2020 na revista eLife.