Abraji repudia ataque de Eduardo Bolsonaro após parlamentar ameaçar jornalista

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A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) emitiu uma nota de repúdio contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) após o parlamentar publicar uma postagem nas redes sociais na qual ataca e ameaça o jornalista Guilherme Amado. A manifestação da entidade, divulgada na segunda-feira, 17, foi motivada por uma declaração do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro no X (antigo Twitter), em que afirmou ter citado Amado durante uma reunião na Casa Branca, nos Estados Unidos.

De acordo com a Abraji, a intimidação está relacionada à publicação de uma reportagem na coluna de Amado no PlatôBR sobre a live realizada por Eduardo Bolsonaro em Washington, enquanto ocorria uma sessão plenária do Congresso Nacional. Nesta terça-feira, 18, Eduardo Bolsonaro anunciou que está se licenciando do cargo e permanecerá nos Estados Unidos por tempo indeterminado.

Em resposta à reportagem de Amado, o parlamentar, que está nos EUA desde o final de fevereiro, associou falsamente o jornalista à prisão do ex-assessor especial da Presidência da República Filipe Martins, detido pela Polícia Federal na operação Tempus Veritatis, em fevereiro de 2024. "A intimidação faz referência a uma campanha de desinformação mobilizada pelo deputado Bolsonaro junto a outros parceiros políticos", diz a nota.

"Estive na Casa Branca, sua matéria da inserção falsa da entrada do Filipe Martins foi um dos assuntos, você tem razão de ficar com medo", escreveu Eduardo Bolsonaro no X, na última quinta-feira, 13.

A entidade esclarece que a matéria do jornalista, publicada em outubro de 2023, revelou um documento da imigração dos Estados Unidos, obtido por meio de consulta pública, que registrava a entrada de Filipe Martins no país em 30 de dezembro de 2022. Posteriormente, verificou-se que o documento continha um erro e que Martins, na realidade, estava no Brasil naquele período. A reportagem foi alterada para incluir essa informação, mas a defesa do ex-assessor utilizou o dado inicial para contestar a prisão.

A Abraji, no entanto, ressalta que a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, de decretar a prisão de Martins não teve como base a reportagem de Guilherme Amado, mas, sim, um relatório da Polícia Federal. "Eduardo Bolsonaro divulga a falsa informação de que a reportagem de Guilherme Amado seria responsável pela prisão de Martins. No entanto, a decisão do ministro Alexandre de Moraes [...] não se baseia na reportagem, mas em um relatório da Polícia Federal", enfatiza a nota da entidade.

A associação também denuncia o que classifica como uma estratégia recorrente do deputado para atacar jornalistas e descredibilizar a imprensa. "A publicação tem o intuito de mobilizar seus apoiadores contra o jornalista e, assim, tentar silenciar o seu trabalho, justamente quando este mostra contradições de sua atuação como parlamentar", afirma o texto.

A Abraji reforça ainda que agentes públicos, especialmente parlamentares, devem estar sujeitos ao escrutínio da imprensa e da sociedade, considerando o impacto de suas decisões na vida política e institucional do País. "As ameaças e as intimidações configuram uma grave violação da liberdade de imprensa - premissa que deve ser respeitada por todos e é uma obrigação constitucional dos agentes públicos", conclui a nota.

Leia a nota na íntegra:

A Abraji condena o ataque virtual do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) contra o jornalista Guilherme Amado. O parlamentar usou suas redes sociais para atacar e ameaçar o profissional, afirmando que citou Amado em uma reunião que teve na Casa Branca, nos Estados Unidos. A postagem foi uma resposta a uma matéria publicada na coluna de Amado no Platô BR que relata a live realizada pelo parlamentar em Washington, enquanto era realizada uma sessão plenária do Congresso Nacional.

A intimidação faz referência a uma campanha de desinformação mobilizada pelo deputado Bolsonaro junto a outros parceiros políticos, alegando falsamente que Amado teria causado a prisão de Filipe Martins, ex-assessor de Jair Bolsonaro. A postagem indica que esta acusação de armação contra Martins foi apresentada em reunião com membros do partido Republicano, nos Estados Unidos.

O jornalista publicou, em outubro de 2023, a informação obtida por consulta pública de documento da imigração nos Estados Unidos, que registrava a entrada de Filipe Martins no país em 30 de dezembro de 2022. Investigado pela Polícia Federal, Martins foi preso em uma operação da PF e posteriormente solto, porque a defesa demonstrou que ele estava no Brasil naquele período e que o documento da imigração estaria errado. A reportagem da coluna de Amado foi atualizada com uma correção que deixa claro que havia um registro de sua viagem ao Brasil, mas não da confirmação da realização da viagem.

Assim como seus seguidores, Eduardo Bolsonaro divulga a falsa informação de que a reportagem de Guilherme Amado seria responsável pela prisão de Martins. No entanto, a decisão do ministro Alexandre de Moraes de decretar a prisão do ex-assessor de Bolsonaro não se baseia na reportagem, mas em um relatório da Polícia Federal.

A Abraji repudia a atitude de Eduardo Bolsonaro que sistematicamente tenta descredibilizar o trabalho de jornalistas por meio de ameaças, ataques virtuais e campanhas de desinformação. A publicação tem o intuito de mobilizar seus apoiadores contra o jornalista e, assim, tentar silenciar o seu trabalho, justamente quando este mostra contradições de sua atuação como parlamentar.

Os parlamentares, pelo exercício de um cargo eletivo, devem suportar o escrutínio público de suas atividades, considerando o impacto que geram no orçamento e na vida pública. As ameaças e as intimidações configuram uma grave violação da liberdade de imprensa - premissa que deve ser respeitada por todos e é uma obrigação constitucional dos agentes públicos.

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A Índia anunciou nesta terça-feira, 6, o lançamento de mísseis contra nove alvos no Paquistão e na região da Caxemira após dias de tensões entre os dois países. As autoridades paquistanesas informaram que duas pessoas ficaram feridas e uma criança morreu.

O ataque escala as tensões entre os países vizinhos, que possuem armas nucleares.

As autoridades indianas informaram que os ataques foram direcionados contra "infraestruturas terroristas", em resposta ao ataque no território da Caxemira controlado pela Índia, que deixou 26 turistas hindus mortos no mês passado. O Paquistão prometeu retaliar.

A Índia culpa o Paquistão por apoiar grupos separatistas da Caxemira, uma região que é ocupada por Índia, Paquistão e China. Islamabad nega apoiar esses grupos.

Segundo o Ministério da Defesa da Índia, o ataque não teve nenhuma instalação militar do Paquistão como alvo. "Nossas ações foram focadas, comedidas e de natureza não escalonada", diz um comunicado. "A Índia demonstrou considerável contenção na seleção de alvos e no método de execução."

Os mísseis atingiram locais na Caxemira paquistanesa e na província de Punjab, no leste do país, de acordo com três autoridades de segurança paquistanesas. Um deles atingiu uma mesquita na cidade de Bahawalpur, em Punjab, e matou uma criança, além de deixar dois feridos.

Entenda as tensões atuais

No dia 22 de abril, um grupo armado atacou turistas na cidade de Pahalgam, na parte indiana da região, matando 25 indianos e 1 nepalês. O Paquistão negou envolvimento com o ataque, reivindicado por um grupo terrorista islâmico pouco conhecido chamado Frente de Resistência - que tinha hindus como alvo. A Índia acusa Islamabad de armar e abrigar o grupo. O Ministério da Defesa do Paquistão sugeriu que o ataque foi uma "operação de false flag".

No dia seguinte ao atentado, Nova Délhi expulsou diplomatas, suspendeu vistos e fechou fronteiras terrestres com o Paquistão. Islamabad respondeu suspendendo acordos bilaterais, fechando fronteira e espaço aéreo a companhias indianas, e impondo sanções comerciais.

Desde 24 de abril há registros de trocas diárias de tiros na Caxemira e ambos os exércitos estão em alerta máximo. Apesar dos arsenais nucleares, a tendência é que nenhum lado acione armas atômicas a menos que esteja encurralado. Mas mesmo confrontos convencionais poderiam ser devastadores.

Nos últimos dias, a Índia também suspendeu o Tratado das Águas do Indo, assinado em 1960, que garante o acesso do Paquistão ao rio Indo, responsável por 90% de sua irrigação. Em resposta, Islamabad afirmou que se a Índia reduzir a quantidade de água que lhe é atribuída, isso seria considerado um ato de guerra. (COM INFORMAÇÕES DA AP)

O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, afirmou ter tido uma "conversa muito construtiva" com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após um encontro na Casa Branca nesta terça-feira, 6. Segundo Carney, o diálogo marcou o "começo do fim de um processo de redefinição da relação Canadá-EUA". O dirigente seguiu categórico ao rejeitar qualquer possibilidade de anexação do país ao vizinho.

"Canadá não está e nunca estará à venda", reiterou em entrevista coletiva, repetindo declaração anterior, em resposta a comentários de Trump sobre o país, eventualmente, se tornar o "51º estado americano". O premiê disse ter sido "muito claro" com o americano quanto à sua posição: "Fui muito claro com Trump que negociações serão feitas como dois países soberanos", afirmou. "É preciso separar o desejo da realidade. Pedi que ele parasse de falar sobre o Canadá se tornar o 51º estado dos EUA. É neste ponto que começa uma discussão séria", completou.

Ao comentar as tensões comerciais entre os dois países, Carney avaliou que "estabelecemos uma boa base hoje" para o avanço das conversas, mas reconheceu que "não tivemos decisões sobre tarifas". Ele ressaltou a complexidade do tema: "A discussão tarifária com os EUA é muito complexa. Estamos abordando uma grande quantidade de questões, por isso o progresso não será necessariamente evidente durante as negociações, mesmo que estejamos progredindo".

Ainda assim, o primeiro-ministro demonstrou otimismo. "Queremos seguir adiante com negociações comerciais com os americanos" e "veremos quanto tempo vai levar até os EUA tirarem as tarifas sobre o Canadá". Carney adiantou que ele e Trump concordaram em manter novas rodadas de diálogo nas próximas semanas, inclusive durante o encontro do G7.

Ao fim da reunião, o premiê destacou que "a postura de Trump e o quão concretas foram as discussões me fazem me sentir melhor". Apesar disso, reconheceu que "ainda temos muito trabalho pela frente e estamos totalmente empenhados". Por fim, assegurou ao republicano que "nossas medidas contra a entrada de fentanil nos EUA estão funcionando".

A comitiva de autoridades que acompanhará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem à Rússia contará com a participação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e do vice-presidente da Câmara Elmar Nascimento (União-BA). Além disso, também contará com os ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, e o assessor-chefe da Assessoria Especial, embaixador Mauro Vieira, de acordo com lista divulgada pelo Palácio do Planalto.

Esta será a terceira viagem feita por Lula da qual Alcolumbre participará. Os dois já estiveram juntos na comitiva que viajou ao Japão, em março, e à Itália para o velório do papa Francisco, em abril.

O início da viagem está previsto para esta terça-feira, 6, à noite, quando Lula partirá de Brasília às 22h rumo a Casablanca. A chegada do chefe do Executivo brasileiro à Rússia é esperada para quarta-feira, 7.

No país, o petista participará da celebração dos 80 anos do "Dia da Vitória", quando os russos celebram a vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista na segunda guerra mundial. Ainda, terá encontros bilaterais com o presidente Vladimir Putin e com o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico.

Na reunião com Putin, Lula deve fazer uma menção à questão da necessidade de reequilibrar a balança comercial entre Brasil e Rússia. "Nós importamos dois produtos que são fundamentais, fertilizantes são fundamentais até para o nosso setor exportador, e diesel também, mas nós queremos ampliar as nossas exportações para a Rússia", disse o secretário de Ásia e Pacífico, embaixador Eduardo Paes Saboia.