Gabinete de Israel aprova trégua apesar de críticas da extrema direita

Internacional
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Após mais de seis horas de discussão, o gabinete do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, aprovou o cessar-fogo com o Hamas por 16 votos a 8. A votação seria na quinta-feira, 16, mas foi adiada em meio a disputas com o Hamas e oposição de partidos de extrema direita que fazem parte da coalizão do premiê. Logo após o aval, o governo israelense disse que os primeiros reféns começarão a ser libertados neste sábado, 18.

O acordo havia sido aprovado na manhã desta sexta, 17, pelo gabinete de guerra, antes de seguir para votação de todos os ministros. Apesar da certeza de que seria confirmado, o debate entrou noite adentro, em pleno shabat (dia do descanso para os judeus).

Apesar dos empecilhos de última hora, o gabinete do primeiro-ministro afirmou que o acordo poderia entrar em vigor no domingo, 19, como foi originalmente estabelecido pelos mediadores. Na quinta-feira, o ministro da Segurança de Israel, Itamar Ben-Gvir, ameaçou renunciar e retirar seu partido da coalizão de governo se o gabinete aprovasse o cessar-fogo, dizendo que isso deixaria o Hamas no poder em Gaza. No fim, ele sinalizou que permaneceria no governo.

Fases

O acordo de três fases - com base em uma estrutura estabelecida pelo presidente dos EUA, Joe Biden, e endossada pelo Conselho de Segurança da ONU - deve começar com a libertação gradual de 33 reféns ao longo de um período de seis semanas, incluindo mulheres, crianças, idosos e civis feridos, em troca de centenas de prisioneiros palestinos que estão detidos em Israel.

Entre os 33, estariam 5 soldadas israelenses, cada uma das quais seria libertada em troca de 50 prisioneiros palestinos, incluindo 30 terroristas condenados que cumprem penas de prisão perpétua. Ao final da primeira fase, todos os reféns civis vivos terão sido libertados e os corpos dos mortos, entregues.

Durante a primeira fase de 42 dias, as forças israelenses se retirariam dos centros populacionais de Gaza e os palestinos seriam autorizados a retornar para suas casas no norte do enclave. Além disso, haveria um aumento na ajuda humanitária, com cerca de 600 caminhões entrando a cada dia no território palestino.

Os detalhes da segunda fase ainda devem ser negociados durante a primeira fase. Esses pormenores continuam difíceis de resolver - e o acordo não inclui garantias por escrito de que o cessar-fogo continuará até que uma trégua definitiva seja alcançada, sinalizando que Israel poderia retomar sua campanha militar após o término da primeira fase.

Um grupo de parentes de reféns anunciou ontem a identidade dos 33 que devem ser libertados na primeira fase do cessar-fogo. Israel não confirmou o estado de saúde dos reféns, mas acredita que a maioria dos sequestrados esteja viva.

O gabinete do premiê anunciou ontem os nomes dos libertados em cada dia do cessar-fogo. O bebê Kfir Bibas, que completa 2 anos hoje, está na lista, assim como o de seu irmão Ariel Bibas, de 5 anos, e seus pais, Shiri e Yarden Bibas.

O argentino-israelense Yair Horn, de 45 anos, também deve ser libertado. A reportagem do Estadão conversou com seu pai, Itzik Horn, após o aniversário de um ano dos ataques do Hamas.

Em contrapartida, o Ministério da Justiça de Israel divulgou a lista parcial com 95 prisioneiros que devem ser soltos na troca pelos reféns. A relação inclui a deputada palestina Khalida Jarrar, da Frente Popular para a Libertação da Palestina, presa em 2023, que estaria confinada em uma solitária.

Nahil Masalmeh, de 37 anos, que planejou um ataque a um agente de segurança na Caverna dos Patriarcas em Hebron, também será libertada. Uma jovem de 17 anos de Jerusalém, que tentou atacar policiais com uma faca na Cidade Velha, em maio, também será libertada, assim como Noal Abd Fattah, que esfaqueou um homem de 70 anos, em 2019, quando tinha 14 anos. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal, nesta quinta-feira, 24, o general da reserva Mário Fernandes confirmou a autoria do plano Punhal Verde e Amarelo, mas ponderou que "não foi compartilhado com ninguém". Segundo a acusação da Procuradoria-Geral da República, o plano previa o sequestro ou homicídio do ministro Alexandre de Moraes, do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e do vice Geraldo Alckmin.

"Não passa de um pensamento digitalizado. Hoje eu me arrependo disso, era apenas um pensamento de um militar, que não foi compartilhado com ninguém", declarou Mário Fernandes, que foi secretário-geral da Presidência no governo Jair Bolsonaro.

O general confirmou que imprimiu o plano para ler o documento, mas, logo depois, "rasgou":

"Eu imprimi para não forçar a vista e logo depois eu rasguei. Não compartilhei com ninguém."

De acordo com a PGR, Mário Fernandes teria assumido a responsabilidade por "ações de monitoramento e neutralização de autoridades públicas, em conjunto com Marcelo Costa Câmara (ex-assessor de Bolsonaro), além de realizar a interlocução com as lideranças populares ligadas ao dia 8 de janeiro".

Ao responder às perguntas do juiz auxiliar Rafael Henrique Janela Tamai Rocha, que atua no gabinete do ministro Alexandre de Moraes, o general também confirmou a autoria de uma minuta de implementação de um gabinete de crise.

Mário Fernandes afirmou que o documento seria apenas para o "assessoramento" do Gabinete de Segurança Institucional em uma eventual crise.

Segundo a PGR, o objetivo seria 'estabelecer diretrizes estratégicas de segurança e administrativas para o gerenciamento da crise institucional'.

Então chefiado pelo general Augusto Heleno, o GSI teria a coordenação-geral a cargo do general Braga Netto (ex-ministro da Defesa).

Mário Fernandes disse que faria parte da assessoria estratégica, enquanto a assessoria de Relações Institucionais seria ocupada por Filipe Martins.

O general afirmou que chegou a ir entre cinco e sete vezes aos acampamentos em frente aos quartéis, onde manifestantes pediam intervenção militar. Segundo ele, era "uma festa cívica" composta por pessoas "humildes". Fernandes nega ter tido interlocução com lideranças do movimento, conforme apontado pela acusação.

Mário Fernandes afirmou que propôs a Augusto Heleno e a Braga Netto que participassem de uma audiência pública no Congresso para "denunciar as fraudes eleitorais".

A maioria dos brasileiros avalia que um candidato que tenha apoio ou se vincule de alguma forma ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sairá prejudicado nas eleições presidenciais de 2026. Os dados são da pesquisa Ipespe divulgada nesta quinta-feira, 24, que afere os impactos do tarifaço anunciado pelo presidente americano na percepção dos brasileiros.

Segundo o levantamento, 53% acham que a influência ou apoio de Trump pode prejudicar um candidato à Presidência do Brasil, enquanto 32% pensam que ajudará um postulante ao cargo. Outros 14% não sabem ou não responderam.

Observando os dados quanto à posição ideológica, 88% dos que se consideram de esquerda acham que o candidato sairá prejudicado. Entre os entrevistados de centro, 69% também pensam assim. Já dos que de declaram de direita, 66% acham que o apoio de Trump ajudará o candidato.

A família e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) têm defendido as tarifas impostas pelo americano, que justifica a medida criticando o tratamento dado ao ex-presidente e as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) contra empresas americanas de tecnologia. Trump também pediu que a Justiça encerre a ação penal contra Bolsonaro, réu por golpe de Estado.

A pesquisa também perguntou se os entrevistados aprovam ou desaprovam as declarações dadas por lideranças brasileiras após o anúncio das tarifas. Quem saiu mais prejudicado foi o próprio Bolsonaro, com 60% de desaprovação.

Na sequência aparece seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), com 59%. Eduardo se mudou para o país americano em fevereiro, declaradamente em busca de sanções contra autoridades brasileiras, e tem um inquérito aberto no STF para investigar a atuação contra a soberania nacional.

Os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), também tiveram a imagem prejudicada, recebendo 49% de menções desaprovando o comportamento de cada um.

Amplamente criticado, tanto pela oposição quanto por aliados, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), teve 46% de reprovação. Nos primeiros dias, Tarcísio apoiou a defesa de Trump a Bolsonaro e responsabilizou o governo Lula pela crise. Depois, se reuniu com chefe da embaixada dos Estados Unidos, Gabriel Escobar, em busca de soluções.

Já os governistas, que assumiram o discurso da soberania nacional e defenderam os interesses nacionais, foram os mais aprovados pela população. Lula recebeu 50% de aprovação, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), 42%, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, 38% das menções.

No geral, 50% dos entrevistados aprovam a reação do governo brasileiro diante do tarifaço, e 46% desaprovam. Apenas 5% não souberam ou não responderam à questão.

Taxação de big techs

Nos bastidores, pesou na decisão de Trump o avanço do Brasil em legislações que afetam as big techs, como o julgamento do artigo 19 do Marco Civil da Internet, a proposta de regulação da inteligência artificial, as novas diretrizes do Brics sobre soberania digital e as minutas de regulamentação de plataformas e mercados digitais que devem ser encaminhadas ao Congresso.

Em defesa do País após anúncio do tarifaço, Lula afirmou que o Brasil não cederá à pressão da Casa Branca para aliviar regulação e tributação das plataformas e que vai "cobrar imposto das empresas americanas digitais". Segundo o levantamento, 55% concordam com a posição do presidente de taxar o setor, ante 40% que discorda, e 5% que não sabem ou não responderam.

Sanções a ministros do STF

Em outro capítulo da guerra comercial e diplomática, o secretário de Estado do governo de Donald Trump, Marco Rubio, anunciou a revogação do visto do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e de seus aliados na Corte.

A maioria da população desaprova a medida tomada pelo governo americano contra os ministros: são 57% os que discordam, e 37% os que concordam. Outros 6% não souberam ou não responderam.

A pesquisa Ipespe ouviu 2.500 pessoas de 16 anos ou mais, entre os dias 19 e 22 de julho, tem margem de erro de dois pontos porcentuais e índice de confiança de 95,45%.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou nesta quinta-feira, 24, que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), faz "defesa intransigente" do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

"Quando o presidente Alcolumbre vai entender que ele não pode ficar fazendo uma defesa intransigente do ministro Alexandre de Moraes, seja por qual razão for?", questionou o filho "01" do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em entrevista ao Metrópoles.

O Estadão tentou contato com o senador Davi Alcolumbre, mas não havia obtido um retorno até a publicação deste texto.

Flávio Bolsonaro afirmou ainda que Davi Alcolumbre, ao presidir o Senado, "tem que ter a responsabilidade de cumprir o seu papel como chefe de instituição e ler o meu pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes".

O senador protocolou nesta quarta-feira, 23, um pedido de impeachment contra o ministro do Supremo, acusando Moraes de crimes de responsabilidade e afirmando que ele agiu de forma parcial e censurou manifestações políticas do pai e de seu irmão, deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

"A manutenção da ordem constitucional e o respeito ao devido processo legal não são compatíveis com a perpetuação de abusos revestidos de legalidade aparente. O Senado Federal, neste momento, não apenas pode, como deve agir, em nome da democracia, da justiça e da preservação da imparcialidade do Judiciário brasileiro", disse o senador no requerimento.

Além de dizer que as medidas cautelares impostas pelo ministro contra o pai Jair Bolsonaro configuram censura, o senador fez um paralelo da atuação do irmão nos Estados Unidos com a de outras autoridades brasileiras e seus aliados, acusando a Corte de disparidade no tratamento.

"Afinal, por que as manifestações políticas de Eduardo Bolsonaro, ainda que incisivas, são consideradas uma ameaça ao Estado brasileiro, enquanto a ida de Dilma Rousseff à tribuna da ONU para denunciar um suposto golpe institucional ou as viagens internacionais de Cristiano Zanin promovendo a narrativa de que Lula era vítima de um sistema judicial corrompido não ensejaram sequer investigação?", questionou o parlamentar.