'Bom dia, meu líder, tem poder de parar tudo', disse golpista a Jordy após revés de Bolsonaro

Política
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"Bom dia meu líder. Qual direcionamento você pode me dar? Tem poder de parar tudo". Essa foi a mensagem que o deputado Carlos Jordy (PL/RJ) recebeu, segundo a Polícia Federal, de um extremista um dia após a eleição de 2022, da qual saiu vitorioso o presidente Lula e derrotado o ex-chefe do Executivo Jair Bolsonaro.

Aliado muito próximo do ex-presidente, Jordy respondeu à mensagem perguntando se o interlocutor, identificado como Carlos Victor, poderia falar ao telefone: "Fala irmão, beleza? Está podendo falar aí?". Carlos Victor afirma: "Posso irmão. Quando quiser pode me ligar".

As mensagens foram trocadas no dia 1º de novembro, data em que ocorriam os bloqueios de rodovias em todo o País. Segundo a PF, o diálogo em que o extremista 'chama o parlamentar de meu líder, pedindo direcionamento quanto a 'parar tudo', levanta fortes suspeitas da participação de Carlos Jordy nos atos' antidemocráticos.

O autor da mensagem é apontado pelos investigadores como uma 'liderança de extrema-direita, responsável por administrar mais de 15 grupos de WhatsApp com temáticas extremistas, havendo robustos elementos de que ele organizou eventos antidemocráticos em Campos dos Goytacazes', no Rio.

Carlos Victor de Carvalho tem 'fortes ligações' com Jordy, apontam os investigadores. Para a PF, tal relação 'extrapola o vínculo político, denotando que o parlamentar tinha o poder de ordenar as movimentações antidemocráticas, seja pelas redes sociais ou agitando a militância'.

A PF diz que Carlos Victor tinha o hábito de trocar mensagens com o contato 'Jordy Deputado Federal'. Os investigadores resgataram uma conversa entre o investigado e o parlamentar com 627 registros, incluindo texto, áudios, anexos e ligações por Whatsapp.

Um dos achados dos investigadores em meio aos diálogos foi uma tentativa de contato, por parte de Jordy, com Carlos Victor, quando este estava foragido da Justiça. O episódio ocorreu em 17 de janeiro de 2023, quando, segundo a PF, o parlamentar já sabia do mandado de prisão expedido contra seu aliado.

Foi o vínculo com Carlos Victor que levou a Polícia Federal a pedir autorização para fazer buscas no gabinete e na casa do deputado bolsonarista. As diligências foram cumpridas na manhã desta quinta-feira, 18, na 24ª etapa da Operação Lesa Pátria. As medidas tiveram o aval da Procuradoria-Geral da República e foram ordenadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

O relator das investigações sobre atos antidemocráticos ainda determinou o afastamento dos dados telefônicos e telemáticos dos dispositivos computacionais, mídias e aparelhos telefônicos que foram apreendidos nas diligências. A PF pegou o celular de Jordy na manhã desta quinta-feira e a expectativa é a de que a análise do dispositivo robusteça as investigações.

Para o ministro Alexandre de Moraes, são 'fortes os indícios de envolvimento de Carlos Jordy nos delitos apurados, mediante auxílio direto na organização e planejamento' de atos antidemocráticos - bloqueios de rodovias, bem como dos acampamentos nos arredores dos quartéis das forças armadas que se deram logo após o segundo turno das eleições presidenciais.

Em sua avaliação, o inquérito aponta que o deputado 'seria a pessoa que efetivamente orientava as ações em tese organizadas por Carlos Victor, não se tratando portanto apenas de uma relação de afinidade entre ambos'.

Após receber a PF em sua casa na manhã desta quinta, o deputado Carlos Jordy associou o ministro Alexandre de Moraes a uma 'ditadura', narrando que foi acordado pelos agentes 'sem saber' a razão para as buscas. Ele classificou as buscas por ele sofridas como 'medida autoritária, sem fundamento, sem indício algum, que somente visa perseguir, intimidar e criar narrativa às vésperas de eleição municipal'.

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À medida que países no Oriente Médio trabalham para responder à queda súbita do regime Assad, Israel disse nesta quinta-feira, 12, que seu Exército permanecerá no território sírio que apreendeu até que "uma nova força" seja estabelecida e atenda às suas demandas de segurança.

"O colapso do regime sírio criou um vácuo na fronteira de Israel e na zona desmilitarizada", disse o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu. Segundo ele, os soldados israelenses se deslocariam pelo território sírio apenas temporariamente, mas não deu um prazo para sua partida.

Israel conduziu centenas de ataques contra a Síria esta semana, em uma das maiores operações individuais de sua história, segundo especialistas, efetivamente destruindo as capacidades militares do vizinho em questão de dias. Paralelamente, as forças israelenses tomaram postos militares no sul da Síria, além de uma zona desmilitarizada estabelecida após a guerra do Yom Kippur de 1973.

O governo americano tem corrido para responder à agitação na Síria. O secretário de Estado americano, Antony Blinken, desembarcou hoje na Jordânia e seguiria depois para a Turquia, onde deveria se encontrar com o presidente Recep Tayyip Erdogan.

Após um encontro com o rei jordaniano Abdullah II, Blinken afirmou que o momento vivido pela Síria é de "promessa, mas também de perigo" para ela e seus vizinhos.

O chefe da diplomacia americana instou o novo governo da Síria a respeitar princípios básicos dos direitos humanos, incluindo a proteção de minorias, e assegurar que o país "não seja usado como uma base para o terrorismo por grupos como o Estado Islâmico".

A Jordânia realizará uma cúpula sobre a situação na Síria amanhã com representantes diplomáticos de Arábia Saudita, Iraque, Líbano, Egito, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Catar, além de turcos e americanos, o chefe da política externa da União Europeia e o enviado da ONU para a Síria.

A queda da ditadura síria revitalizou uma antiga busca por justiça sobre os crimes cometidos pelo regime, permitindo a grupos de direitos humanos a oportunidade de inspecionar prisões, entrevistar testemunhas livremente e construir casos jurídicos. No entanto, há também frustração, pois o objetivo era levar Assad ao banco dos réus, o que hoje parece fora de cogitação, uma vez que ele se exilou na Rússia.

Em Alepo, cidade do norte que os rebeldes tomaram na semana passada antes de conquistarem Damasco, houve celebração à medida que moradores exilados retornavam para suas casas após mais de uma década de guerra civil./COM NYT e AFP

Cartazes de "procurados" ameaçando executivos da área de saúde e de Wall Street foram espalhados pela cidade de Nova York, na mais recente escalada da violência desde o assassinato, na semana passada, de um executivo da UnitedHealth.

Os cartazes vistos na parte baixa de Manhattan esta semana mostravam os nomes e rostos de executivos de Wall Street e do setor de saúde. Os sinais encorajavam a violência contra eles. "Os CEOs do setor de saúde não deveriam se sentir seguros", diziam os cartazes. Um deles exibia Brian Thompson, o chefe da UnitedHealthcare que foi morto, com um X vermelho no rosto.

Thompson foi morto a tiros em 4 de dezembro do lado de fora de um hotel em Midtown. Na segunda-feira, Luigi Mangione, de 26 anos, foi acusado por promotores de Nova York de assassinato depois de ser visto em um McDonald's em Altoona, Pensilvânia.

O Departamento de Polícia de Nova York disse que estava investigando os cartazes. Não foi possível determinar quem os colocou. Alguns foram removidos. A UnitedHealth não quis comentar.

Os cartazes levaram as conversas sobre violência corporativa da Internet para o mundo real. Algumas pessoas online disseram que a morte de Thompson foi justificada porque ele dirigia uma empresa que negava cuidados vitais aos pacientes. Os mesmos estão tratando Mangione como um quase herói popular que expôs a raiva latente contra o sistema de saúde dos EUA.

O chefe da Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) dos EUA, Mike Whitaker, deixará seu cargo em 20 de janeiro, quando Donald Trump se tornar presidente, de acordo com um memorando interno.

Whitaker, nomeado por Joe Biden, é o mais recente líder da agência de segurança aérea a cumprir um breve mandato, ele terá servido pouco mais de um ano.

"Vocês viram a liderança chegar e partir - e em todas as transições mantiveram as viagens aéreas estáveis e seguras", disse o chefe da FAA. Katie Thomson, vice de Whitaker, deixará a agência em 10 de janeiro.

A FAA regulamenta os fabricantes do setor aeroespacial, como a Boeing, e a segurança das companhias aéreas, além de operar o sistema de controle de tráfego aéreo do país e o espaço aéreo civil.