'Taxação é consequência de ataques de Moraes e Lula a Bolsonaro', diz subsecretário de Trump

Política
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Assumindo a dimensão política da sobretaxa de 50% imposta a todos os produtos brasileiros pelo presidente dos Estados Unios, Donald Trump, o subsecretário de Diplomacia Pública dos EUA, Darren Beattie, afirmou nesta segunda, 14, que o tarifaço é uma "consequência há muito esperada". Segundo ele, o ato do governo dos EUA foi motivado pelos "ataques" do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Procurado pelo Estadão, o STF não quis se manifestar.

"O presidente Trump enviou uma carta impondo consequências há muito esperadas à Suprema Corte de Moraes e ao governo Lula por seus ataques a Jair Bolsonaro, à liberdade de expressão e ao comércio americano. Tais ataques são uma vergonha e estão muito abaixo da dignidade das tradições democráticas do Brasil", escreveu, em inglês, o funcionário do alto escalação americano em seu perfil no X (antigo Twitter).

No domingo, 13, o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, defendeu a autonomia do Judiciário brasileiro e criticou a taxação imposta pelos EUA.

"As declarações do presidente Trump são claras. Estaremos observando atentamente", encerra o Subsecretário de Diplomacia Pública americana. Na carta que comunicou o aumento das taxas, Donald Trump critica a julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, o classificando como "uma desgraça internacional" e afirma que "esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma caça às bruxas que deve terminar IMEDIATAMENTE!".

A página oficial da embaixada dos EUA no Brasil replicou e traduziu a postagem feita pelo funcionário público americano em sua conta no X, endossando a mensagem.

De acordo com a página oficial do órgão em que Darren Beattie trabalha, "o Subsecretário de Diplomacia Pública lidera os esforços do Departamento para expandir e fortalecer as relações entre o povo dos Estados Unidos e cidadãos de outros países".

"Os departamentos e escritórios subordinados ao Subsecretário promovem os interesses nacionais, buscando envolver, informar e compreender as perspectivas de públicos estrangeiros", prossegue a definição.

Tarifaço possui dimensões políticas

Em entrevista concedida à Globonews na última sexta-feira, 11, o filho do ex-presidente, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), já havia admitido que "a sanção que o Trump impõe não é meramente econômica, todos nós sabemos disso, ela tem, sim, um viés político, e tem um viés econômico, porque o Trump olha para a América do Sul e enxerga para onde o Lula está levando nosso País".

As novas taxas sobre produtos brasileiros devem entrar em vigor no dia 1º de agosto. Até lá, o governo tenta encontrar soluções, por meio de um comitê interministerial presidido pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin.

Além de aliados do governo, nomes da direita, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também tentam negociar para reverter ou adiar o tarifaço.

Sobre os esforços, Paulo Figueiredo, blogueiro aliado do ex-presidente e do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que dos EUA pede por sanções em busca de anistia para os condenados por 8 de janeiro, diz que o governador "atrapalha sem saber" ao tentar reverter as taxas, e atrasa um possível perdão que seria negociado para evitar as tarifas.

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A Ucrânia propôs à Rússia uma nova rodada de conversas na próxima semana, disse o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, em uma tentativa de reiniciar as negociações de paz que estão paradas desde o início de junho.

"O secretário do Conselho Nacional de Segurança Nacional (Rustem Umerov) propôs uma nova reunião com a Rússia na próxima semana", disse Zelensky em registro no X. "Eles precisam parar de se esconder das decisões", afirmou.

"O cessar-fogo, trocas de prisioneiros, retorno de crianças e fim dos assassinatos. E uma reunião entre líderes é necessária para garantir verdadeiramente uma paz duradoura", disse o presidente ucraniano. "A Ucrânia está pronta".

As duas rodadas de negociações realizadas em Istambul entre Rússia e Ucrânia não conseguiram avançar para um cessar-fogo, mas pelo menos chegaram a um acordo para trocar prisioneiros e devolver os corpos de soldados mortos.

O secretário de Transportes dos Estados Unidos, Sean P. Duffy, anunciou neste sábado, 19, uma série de ações para combater o que o governo americano considera "flagrante desrespeito do México" ao Acordo de Transporte Aéreo de 2015.

O México não cumpre o acordo bilateral desde 2022, quando rescindiu abruptamente os slots e, em seguida, forçou as transportadoras de carga dos EUA a realocar suas operações, diz o comunicado do Departamento de Transportes dos EUA. O México alegou que isso permitiria a construção de um aeroporto para aliviar o congestionamento no Aeroporto Internacional Benito Juárez (MEX), que ainda não se concretizou três anos depois, segundo o comunicado.

"Ao restringir slots e exigir que todas as operações de carga saíssem do MEX, o México quebrou sua promessa, perturbou o mercado e gerou milhões em custos adicionais para as empresas americanas", observa o departamento.

"Isso termina hoje. Que essas ações sirvam de alerta para qualquer país que pense que pode tirar vantagem dos EUA, de nossas companhias aéreas e de nosso mercado", alerta o comunicado.

O departamento cita ainda que o governo americano observa diversos outros países que estão desrespeitando os termos dos acordos de transporte aéreo.

"Por exemplo, estamos monitorando os Estados europeus para garantir que apliquem o processo de Abordagem Equilibrada para redução de ruído em seus aeroportos e não implementem restrições operacionais injustificadas".

As ações determinam que as companhias aéreas mexicanas apresentem ao departamento americano cronogramas para todas as suas operações nos EUA. Outra medida exige aprovação prévia do departamento antes da operação de voos fretados de aeronaves grandes de passageiros ou de carga para ou dos Estados Unidos.

Fim de imunidade antitruste para JV da Delta/Aeromexico

O pacote de medidas do Departamento de Transportes dos Estados Unidos para combater o que o governo americano considera "flagrante desrespeito do México" ao Acordo de Transporte Aéreo de 2015 inclui uma ordem suplementar de apresentação de causa propondo a retirada da imunidade antitruste da joint venture Delta/Aeromexico.

O departamento citou, em comunicado, que o anúncio da ordem sobre a Delta/Aeromexico e demais iniciativas adotadas hoje representam "medidas corretivas para resolver problemas de concorrência no mercado".

A JV Delta/Aeromexico estava originalmente programada para expirar em 2020 e desde então foi prorrogada, aguardando revisão. "Com base em nossa revisão, as condições exigidas para uma imunidade na JV não existem e a JV imunizada não atende mais ao interesse público devido, em grande parte, às medidas anticompetitivas impostas pelo governo do México, que estão distorcendo o mercado", diz o departamento americano.

Em direito antitruste, imunidade significa a isenção de certas atividades econômicas da aplicação das leis de defesa da concorrência.

A Delta considerou que o eventual fim da parceria com a Aeromexico afetaria negativamente os consumidores que voam entre o México e os EUA, de acordo com a Bloomberg. A companhia aérea disse que espera trabalhar em conjunto com a administração Trump em relação às medidas anunciadas.

O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, se reuniu com o primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, nesta sexta-feira, 18, em Tóquio. No encontro, o japonês pediu pela continuidade das negociações tarifárias para que os dois países cheguem a um acordo, informou a agência japonesa NHK.

No último dia 7, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou imposição de uma tarifa de 25% sobre "quaisquer produtos" do Japão e da Coreia do Sul enviados ao país, a partir de 1º de agosto.

Scott Bessent está em visita ao Japão para participar da Exposição Mundial de 2025 em Osaka. Ele foi recebido por Ishiba no gabinete do primeiro-ministro japonês. A reunião durou cerca de 30 minutos.

Principal negociador das tarifas com os Estados Unidos, o ministro da Revitalização Econômica do Japão, Akazawa Ryosei, também participou da reunião. Ele e Bessent posaram para fotos em frente ao pavilhão americano na Exposição Mundial em Osaka.

Após a reunião, Shigeru Ishiba disse a repórteres que solicitou a Bessent a continuidade das negociações com Ryosei com objetivo de um acordo que seja benéfico para as duas nações.

O primeiro-ministro japonês demonstrou otimismo em relação à possibilidade de conversar diretamente com Donald Trump sobre o assunto.