Israel permite entrada limitada de forças sírias em Sweida após novos confrontos

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O governo de Israel permitiu nesta sexta-feira, 18, a entrada limitada das forças de segurança da Síria na província de Sweida por 48 horas, em meio a novos confrontos entre beduínos sunitas e a minoria drusa na região, segundo informações da Agência Reuters.

"Em vista da instabilidade contínua no sudoeste da Síria, Israel concordou em permitir a entrada limitada das forças de segurança interna [sírias] no distrito de Sweida pelas próximas 48 horas", disse um oficial que preferiu não ser identificado em entrevista à Reuters.

As forças sírias se retiraram de Sweida depois de um anúncio de cessar-fogo na quarta-feira, 16, mas os confrontos foram retomados no sul do país na quinta-feira, 17. De acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, cerca de 600 mortes foram registradas.

O presidente interino da Síria, Ahmed Sharaa, afirmou que ordenou a saída das tropas para evitar uma "guerra aberta" com Israel depois que Tel-Aviv bombardeou posições sírias próximas de Sweida e a sede do ministério da Defesa de Damasco.

Segundo informações da Associated Press (AP), oficiais sírios estavam negociando um acordo com facções drusas para que as forças de segurança entrassem novamente em Sweida.

Civis

A agência de migração das Nações Unidas disse nesta sexta-feira que quase 80 mil pessoas foram deslocadas ao todo desde que os confrontos começaram no domingo, 13.

A província de Sweida também carece de serviços essenciais, como água e eletricidade. "Estamos com muitos problemas nas rotas de fornecimento, com insegurança e fechamentos de estradas bloqueando as entregas de ajuda," disse Adam Abdelmoula, Coordenador Residente da ONU e de Assuntos Humanitários na Síria.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) conseguiu enviar suprimentos para cuidados de trauma para a província de Daraa, mas Sweida permanece inacessível, disse ele. "Uma vez que as condições permitam, estamos planejando enviar uma missão para avaliar as necessidades e fornecer ajuda crítica, em total coordenação com as autoridades," disse Abdelmoula.

Israel também anunciou que iria enviar ajuda humanitária para a província de Sweida.

Conflito

Os conflitos começaram no domingo, quando membros de uma tribo beduína na província de Sweida montaram um posto de controle onde atacaram e roubaram um homem druso, levando a ataques retaliatórios e sequestros entre as tribos e grupos armados drusos.

As forças de segurança do governo foram mobilizadas para restaurar a ordem, mas foram vistas como aliadas das tribos beduínas contra as facções drusas.

Israel decidiu intervir em defesa dos drusos sírios devido à proximidade entre os membros desta minoria religiosa na Síria com a comunidade drusa israelense. Tel-Aviv também quer afastar militantes de facções terroristas de perto de sua fronteira.

Drusos

A comunidade drusa tem cerca de 1 milhão de fiéis, que vivem principalmente na Síria, Líbano e Israel. Os drusos israelenses tem uma boa integração dentro do país e são representados por políticos no Parlamento de Israel e generais no Exército. Eles são obrigados a participar do serviço militar israelense.

Quase todos os 150 mil drusos que vivem em Israel moram no norte do país, em cidades na região da Galileia ou nas Colinas do Golan.

A comunidade drusa israelense passa por um período de reaproximação com os drusos sírios. Depois do fim do regime Assad, Israel permitiu visitas religiosas de drusos sírios ao país e diversas famílias puderam se reunir.

Divisão sobre apoio israelense

Os drusos estão divididos sobre o apoio de Israel aos drusos sírios. A comunidade drusa israelense pediu que Tel-Aviv fizesse mais pelos sírios, mas os drusos libaneses rejeitam a intervenção israelense.

O líder espiritual da comunidade drusa no Líbano, Sheikh Sami Abi al-Muna, afirmou nesta sexta-feira, em um encontro de oficiais drusos em Beirute, que os confrontos sectários na Síria "dão uma desculpa para a intervenção israelense e para explodir a escalada da situação na região."

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A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, associou a tarifa imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos importados do Brasil a um contexto global de defesa da democracia e combate à extrema-direita. Gleisi também disse que é nesse contexto que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva viaja ao Chile neste domingo, 20, para discutir ameaças à democracia com outros presidentes de esquerda.

"Hoje e amanhã o presidente Lula tem uma importante reunião em Santiago do Chile, com os presidentes do Chile, Espanha, Colômbia e Uruguai, para discutir as ameaças à democracia que o mundo está enfrentando. Nós conhecemos de perto os ataques feitos aqui no Brasil, por Jair Bolsonaro e seu entorno, e agora as chantagens e sanções agressivas do governo dos EUA contra nossa democracia, a partir de uma conspiração dos bolsonaristas com os agentes do presidente norte-americano", disse a ministra em publicação no X neste domingo.

Segundo a petista, "a democracia está sendo atacada pela extrema-direita em muitos países". Gleisi afirmou que o governo defende "mais democracia, inclusive nas relações entre os países, para fortalecer o multilateralismo e o diálogo pela paz".

"Enfrentar as desigualdades, regulamentar as plataformas para que não sejam mais veículo de mentiras, ódio e crimes contra crianças e famílias. Estes são os pontos principais do debate no Chile", declarou.

Lula viaja neste domingo, 20, a Santiago para participar de uma reunião de presidentes de esquerda sobre democracia. O encontro foi idealizado pelo presidente do Chile, Gabriel Boric.

Lula embarca rumo a Santiago na tarde deste domingo. A previsão de chegada à capital chilena é às 20h20 (horário de Brasília). Às 21h (horário de Brasília), Lula participa de um jantar oferecido por Boric a ele e ao presidente do Uruguai, Yamandu Orsi.

A filha do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), não mora nos Estados Unidos e, portanto, não será deportada, ao contrário do que afirmam publicações que circulam nas redes sociais.

Segundo informações disponíveis em seu LinkedIn, Luna van Brussel Barroso cursou pós-graduação na Universidade de Yale, em New Haven, no estado americano de Connecticut, entre 2022 e 2023. Atualmente, é doutoranda em Direito Constitucional na Universidade de São Paulo (USP) e advogada no escritório Barroso Fontelles, Barcellos, Mendonça Advogados, criado por antigos sócios do ministro do STF. De acordo com o site do escritório, ela atua na unidade do Rio de Janeiro.

O secretário de Estado do governo de Donald Trump, Marco Rubio, anunciou na sexta-feira, 18, a revogação imediata do visto do ministro Alexandre de Moraes, de seus aliados na Corte e familiares diretos. Publicações que circulam nas redes sociais afirmam, de forma equivocada, que Luna Barroso terá de deixar os Estados Unidos imediatamente.

Rubio não especificou quem seriam os aliados próximos de Moraes, mas o Estadão apurou que, além do próprio ministro, a lista inclui outros sete integrantes do STF: Luís Roberto Barroso, Flávio Dino, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Edson Fachin - além do procurador-geral da República, Paulo Gonet. As exceções são André Mendonça, Luiz Fux e Nunes Marques.

"(O presidente Trump) deixou claro que seu governo responsabilizará cidadãos estrangeiros que forem responsáveis por censurar a liberdade de expressão protegida nos Estados Unidos. A caça às bruxas política conduzida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil Alexandre de Moraes contra Jair Bolsonaro criou um complexo de perseguição e censura tão abrangente que não apenas viola direitos fundamentais dos brasileiros, mas também ultrapassa as fronteiras do Brasil para atingir cidadãos americanos. Por isso, ordenei a revogação imediata dos vistos de Moraes, de seus aliados na Corte e de seus familiares diretos", escreveu Rubio no X.

O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) agradeceu a Trump e Rubio pela medida e disse que o governo americano adotará outras medidas contra Moraes e autoridades brasileiras.

"Muito obrigado presidente Donald Trump e secretário Marco Rubio. Eu não posso ver meu pai e agora tem autoridade brasileira que não poderá ver seus familiares nos EUA também - ou quem sabe até perderão seus vistos", escreveu Eduardo na rede social X, citando uma publicação em que o secretário americano anuncia a revogação do visto de Moraes, "seus aliados no tribunal, bem como de seus familiares próximos".

O governo Lula reagiu à revogação dos vistos, dizendo que a interferência de um país no sistema de Justiça de outro é "inaceitável e fere os princípios básicos do respeito e da soberania entre as nações".

Bolsonaristas vão às ruas de Brasília neste domingo, 20, para uma caminhada em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Na última sexta-feira, 18, ele passou a usar tornozeleira eletrônica e foi submetido a outras medidas restritivas.

O ato, chamado "Caminhada pela Liberdade", foi convocado por parlamentares como a deputada federal Bia Kicis (PL-DF) e a senadora Damares Alves (Republicanos-DF). Segundo comunicado divulgado nas redes sociais das duas, a concentração será às 9h no Eixão Sul, em frente ao Banco Central, e os manifestantes foram orientados a vestir verde e amarelo.

Em vídeo divulgado nas redes sociais, Bia Kicis ressaltou a urgência da mobilização: "A gravidade da situação é tão grande que nós não temos tempo a perder", diz ela. "É muito importante participar. Não podemos nos omitir, não podemos nos desesperar. Temos que ter fé, esperança e garra."

Além de Brasília, manifestações pró-Bolsonaro foram convocadas em outras cidades. O senador Magno Malta (PL-ES) divulgou em suas redes sociais uma carreata em Vila Velha (ES) contra o que chamou de "injustiça brutal" contra o ex-presidente.

O início está previsto para o meio-dia. Em publicações convocando apoiadores e lideranças partidárias do Estado, o senador afirma que o ex-presidente foi transformado em "preso político" por um sistema que "ignora a Constituição e persegue quem luta pela liberdade" e reforça que os bolsonaristas não podem abandonar as ruas.

Em Belo Horizonte, apoiadores compartilharam nas redes sociais um chamado para manifestação na Praça da Liberdade.

PL quer manifestações como resposta a medidas cautelares

Na sexta-feira, o Partido Liberal começou a planejar manifestações em resposta às medidas cautelares impostas a Bolsonaro. Em nota divulgada no Instagram, a legenda diz que "o povo deve voltar às ruas de forma pacífica e ordeira".

O líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcanti (RJ), também se manifestou e publicou em seu perfil no X (antigo Twitter) a frase "Brasil nas ruas já!".

O blogueiro bolsonarista Paulo Figueiredo, que está nos Estados Unidos e mantém interlocução com o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), fez publicação semelhante, dizendo que "está chegando a hora de ir pras ruas - pacífica e ordeiramente - de uma forma nunca antes vista".

Em seu último ato, realizado em 29 de junho, o ex-presidente reuniu 12,4 mil pessoas. O número é o menor registrado em São Paulo em manifestações bolsonaristas, desde que Bolsonaro deixou a Presidência em 2022.