Tarcísio, cotado para disputa presidencial, diz que é preciso 'começar a construir 2026'

Política
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O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse a uma plateia repleta de pré-candidatos a prefeito e vereador que eles precisam trabalhar para sustentar o projeto presidencial do bolsonarismo em 2026. Ele é cotado como presidenciável diante da inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL), mas reforçou que a direita está unida e que o ex-presidente é o líder máximo do grupo.

O governador paulista discursou, ao lado de Bolsonaro, na Conferência de Política e Ação Conservadora (CPAC Brasil), em Balneário Camboriú (SC), e foi o responsável por listar as medidas e ações tomadas pelo governo do ex-presidente entre 2019 e 2022. Mais cedo na abertura do evento, Bolsonaro preferiu ignorar que fora indiciado pela Polícia Federal no caso da tentativa de venda de joias da Arábia Saudita.

Tarcísio, que tem dito que pretende disputar a reeleição em vez da Presidência, também listou medidas de seu governo, afirmou que em São Paulo não haverá invasões de terra feitas pelo Movimento dos Sem Teto (MST) e usou metáforas religiosas para pedir que o público persevere mesmo com o bolsonarismo fora do Palácio do Planalto.

"Este ano a gente começa a construir o que vai ser 2026. Aqui tem vários pré-candidatos e como a gente começou falando de narrativa versus realidade, eu tenho um pedido: não vamos permitir que a narrativa se sobreponha à realidade. Se a gente permitir isso, a gente vai condenar a nossa realidade, o nosso futuro, a virar a narrativa que estão impondo", declarou.

O primeiro dia de palestras do CPAC Brasil foi marcado principalmente pelo tom de aconselhamento eleitoral para pré-candidatos a prefeito e vereador nas próximas eleições municipais. O comentarista político Caio Coppola, por exemplo, deu dicas de comunicação ao público. Um dos slides era intitulado "os três pilares de campanhas vencedoras".

Parlamentares já eleitos contaram experiências de campanhas passadas e ressaltaram a todo momento a importância do bolsonarismo ocupar Câmaras Municipais e Prefeituras para dar sustentação a pré-candidatura de Jair Bolsonaro (PL) a presidente em 2026.

Embora esteja inelegível, eles fizeram questão de ressaltar que o ex-presidente ainda é a primeira opção do grupo para o Palácio do Planalto e criticaram governadores aliados que querem se colocar como sucessores de Bolsonaro na próxima eleição.

Apesar do discurso de campanha, não houve menção a Jair Renan (PL), filho "04" de Bolsonaro e pré-candidato a vereador em Balneário Camboriú. Também fizeram palestras a vereadora de São Paulo Sonaira Fernandes (PL), que tenta se reeleger, o deputado estadual Bruno Engler (PL-MG), pré-candidato a prefeito de Belo Horizonte (MG), e Paulo Chuchu, candidato à reeleição para o Legislativo de São Bernardo do Campo (SP).

Tarcísio, Bolsonaro, o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL-SC), políticos bolsonaristas e empresários encerram o dia com um jantar que será oferecido ao presidente da Argentina, Javier Milei. A chegada do argentino está prevista para às 22h.

No domingo, Milei deve ter novos encontros com Tarcísio e Jorginho Mello e será o responsável pela palestra de encerramento da CPAC Brasil.

O presidente argentino não se encontrará com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o que é considerado uma quebra de protocolo diplomático. Na semana passada, o petista disse que o presidente da Argentina deveria pedir desculpas pelas "bobagens" que falou sobre ele e o Brasil. Milei, contudo, voltou a repetir que Lula é "comunista" e "corrupto".

Na sexta-feira, 5, o porta-voz do governo argentino, Manuel Adorni, que também participará do evento, disse que Milei não se encontrará com Lula porque as agendas em Santa Catarina são "prioritárias" para ele. O líder do país vizinho cancelou a participação na Cúpula do Mercosul, que será realizada na segunda-feira, 8, no Paraguai.

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A China irá impor sanções a algumas autoridades dos Estados Unidos e chefes de organizações não governamentais (ONGs) por comportamentos flagrantes relacionados a Hong Kong, informou o Ministério das Relações Exteriores. As sanções são uma resposta às penalidades impostas pelos Estados Unidos em março contra seis autoridades chinesas e de Hong Kong, afirmou o porta-voz do ministério, Guo Jiakun, em uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira, 21.

Pequim irá impor sanções a vários membros do Congresso americano, autoridades governamentais e chefes de ONGs por terem "se comportado mal em questões relacionadas a Hong Kong", disse Jiakun, sem revelar os nomes.

O porta-voz alertou que os Estados Unidos não têm permissão para interferir nos assuntos de Hong Kong. Pequim considera Hong Kong uma parte inalienável da China. "Quaisquer ações equivocadas tomadas pelos EUA em questões relacionadas a Hong Kong serão respondidas com firmes contra-ataques e medidas recíprocas da China", disse Guo.

A medida ocorre semanas após o Departamento de Estado dos EUA impor sanções a autoridades chinesas e de Hong Kong, citando a repressão política contínua em Hong Kong - e os esforços para estender essa repressão a cidadãos dos EUA - e as restrições ao acesso ao Tibete.

As seis autoridades citadas pelos EUA incluem Raymond Siu, comissário de polícia de Hong Kong, e Paul Lam, secretário de Justiça da cidade. Fonte: Dow Jones Newswires

O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, propôs no domingo, 20, repatriar todos os presos venezuelanos enviados ao seu país pelos Estados Unidos em troca da libertação da mesma quantidade de "prisioneiros políticos" da Venezuela, incluindo figuras da oposição do país - que chamou a oferta de "cínica".

Em uma publicação no X (antigo Twitter), direcionada ao presidente da venezuelano, Nicolás Maduro, Bukele listou familiares de membros do alto escalão da oposição na Venezuela, jornalistas e ativistas detidos durante a repressão eleitoral do governo sul-americano no ano passado.

"A única razão pela qual estão presos é por terem se oposto a você e à sua fraude eleitoral", disparou Bukele se referindo a Maduro. "No entanto, quero propor um acordo humanitário que inclua a repatriação de 100% dos 252 venezuelanos que foram deportados, em troca da libertação e entrega de um número idêntico dos milhares de presos políticos que você mantém", completou.

Entre os listados está o genro do ex-candidato à presidência da Venezuela Edmundo González, vários líderes políticos que buscavam asilo na embaixada argentina na Venezuela e o que ele disse serem 50 cidadãos de pelo menos 23 nacionalidades diferentes.

O presidente também citou a mãe da líder da oposição María Corina Machado, cuja casa, segundo o líder político, foi cercada pela polícia venezuelana em janeiro.

Bukele encerrou afirmando que o Ministério das Relações Exteriores de El Salvador entrará em contato com o governo Maduro para formalizar a proposta.

Reação venezuelana

O Ministério Público da Venezuela respondeu na noite do mesmo dia, chamando as declarações de Bukele de "cínicas" e se referindo ao líder salvadorenho como um "neofascista".

O país pediu também que o governo de Bukele forneça ao governo venezuelano uma lista das pessoas detidas, bem como seu status legal e relatórios médicos.

"O tratamento recebido pelos venezuelanos nos Estados Unidos e em El Salvador constitui uma grave violação do direito internacional dos direitos humanos e constitui um crime contra a humanidade", afirmou o comunicado.

De olho em El Salvador

A proposta surge em um momento em que o mundo está atento a El Salvador por aceitar venezuelanos e salvadorenhos deportados pelo governo Trump, que os acusou de serem membros de gangues.

Os deportados são encarcerados em uma "megaprisão" conhecida como Centro de Confinamento do Terrorismo (CECOT), construída pelo governo Bukele durante sua repressão às gangues do país.

A controvérsia só aumentou após a revelação de que um homem casado com uma cidadã americana foi deportado por engano. A Suprema Corte dos EUA ordenou que o governo facilitasse seu retorno, mas não há sinais de que a proposta será aceita.

Desde março, o governo dos EUA envia venezuelanos e salvadorenhos acusados de serem filiados às gangues Tren de Aragua e MS-13 para El Salvador, onde Bukele concordou em deter criminosos condenados para os Estados Unidos, mediante pagamento.

Os primeiros voos a chegar a El Salvador transportaram 238 venezuelanos, entre eles muitos que não tinham antecedentes criminais. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, acusou no domingo, 20, a Rússia de continuar os bombardeios, violando o cessar-fogo de Páscoa prometido por Vladimir Putin.

Moscou também acusou as forças ucranianas de violarem a trégua ao atacar posições russas na região de Donetsk.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.