'Oração ao golpe' foi enviada a aliados de Bolsonaro para pedir apoio de generais

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A Polícia Federal (PF) resgatou do celular do padre José Eduardo de Oliveira e Silva, da Diocese de Osasco, na Grande São Paulo, uma "oração ao golpe". Segundo o documento, em 03 de novembro de 2022, o pároco encaminhou uma mensagem a um contato salvo como "Frei Gilson", identificado pela corporação como Gilson da Silva Pupo Azevedo.

No texto, o religioso pede "que todos os brasileiros, católicos e evangélicos, os incluam em suas orações, os nomes do Ministro da Defesa e de outros dezesseis Generais 4 estrelas 'pedindo para que Deus lhes dê a coragem de salvar o Brasil, lhes ajude a vencer a covardia e os estimule a agir com consciência histórica e não apenas como funcionários público de farda'". O religioso pede ainda que Frei Gilson repasse a mensagem apenas para "pessoas de estrita confiança".

Para a PF, a mensagem "demonstra que José Eduardo, logo após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais, já disseminava a ideia de um golpe de Estado apoiado pelas Forças Armadas, para manter o então presidente no poder e impedir a posse do governo eleito".

São citados na mensagem os seguintes generais de Exército e seus postos à época dos fatos:

- Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ministro da Defesa

- Marco Antônio Freire Gomes, comandante do Exército

- Valério Stumpf Trindade, chefe do Estado-Maior do Exército

- Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, chefe do Comando de Operações Terrestres

- João Chalella Júnior, chefe do Departamento-Geral de Pessoal

- Flávio Marcus Lancia Gomes, chefe do Departamento de Cultura e Educação

- Guido Amin Naves, chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia

- Laerte de Souza Santos, comandante Logístico

- Júlio César de Arruda, chefe do Departamento de Engenharia e Construção

- Sérgio da Costa Negraes, secretário de Economia e Finanças

- Achilles Furlan Neto, comandante militar da Amazônia

- Ricardo Augusto Ferreira Costa Neves, comandante militar do Norte

- Richard Fernandez Nunes, comandante militar do Nordeste

- Anísio David de Oliveira Júnior, comandante militar do Oeste

- André Luís Novaes Miranda, comandante militar do Leste

- Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, comandante militar do Sudeste

- Fernando José Sant'Ana Soares e Silva, comandante militar do Sul

As investigações da PF também já tinham identificado que o pároco participou de uma reunião em 19 de novembro de 2022 no Palácio do Planalto, quando foi discutida uma minuta golpista para impedir a posse do então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Oliveira seria integrante do núcleo jurídico do esquema e atuaria no "assessoramento e elaboração de minutas de decretos com fundamentação jurídica e doutrinária que atendessem aos interesses golpistas do grupo investigado".

Na operação, o padre foi informado que teria que cumprir medidas cautelares para não ser preso. Ele disse que entregou seu celular à PF sem as senhas pois, segundo ele, seu "sigilo sacerdotal não pode ser violado" já que o equipamento armazena os "dramas mais profundos de fiéis".

No dia do resultado do primeiro turno das eleições presidenciais, 2 de outubro, o pároco postou uma foto de um altar com a bandeira do Brasil em cima de uma santa. Na legenda, escreveu: "Uns confiam em carros, outros em cavalos. Nós, porém, confiamos no Senhor e, assim, resistiremos." Atualmente, o religioso tem mais de 430 mil seguidores.

Quando da Operação Tempus Veritatis, em fevereiro, o sacerdote afirmou, em nota, que, em relação ao inquérito da PF, sua posição sobre o assunto é "clara" e "inequívoca", e diz estar à disposição da Justiça.

"A República é laica e regida pelos preceitos constitucionais, que devem ser respeitados. Romper com a ordem estabelecida seria profundamente contrário aos meus princípios. Abaixo de Deus, em nosso País, está a Constituição Federal. Portanto, não cooperei nem endossei com qualquer ato disruptivo da Constituição. Como professor de teologia moral, sempre ensinei que a lei positiva deve ser obedecida pelos fiéis, dentre as quais humildemente me incluo", escreveu em nota.

Também em nota, a Diocese de Osasco afirmou que recebeu a notícia sobre as investigações e buscas da PF à casa do padre por meio das mídias sociais. "A Diocese se colocará sempre ao lado da Justiça, colaborando com as autoridades na elucidação do caso".

Veja a nota divulgada pela defesa do padre após o indiciamento:

"Menos de 7 dias depois de dar depoimento à Polícia Federal, o padre José Eduardo de Oliveira e Silva viu seu nome estampado pela mesma PF como um dos indiciados no inquérito da Pet 12.100. Os investigadores que apresentaram o relatório não se furtaram em romper a lei e tratado internacional ao vasculhar conversas e direções espirituais que possuem garantia de sigilo e foram realizadas pelo padre.

Consta que o Ministro Alexandre de Moraes decretou sigilo no referido processo, o que significa que não cabia à Polícia Federal, sem autorização nos autos, do mesmo juiz, fazer declarações ou emitir notas com nomes de indiciados. Houve um descumprimento de ordem judicial.

Como se repete sempre, ordem judicial se cumpre. Portanto, sequer caberia à Polícia Federal sugerir que havia qualquer tipo de autorização direta do Ministro, pois ordem judicial só pode ser modificada por outra ordem judicial, com decisão em regular processo, e não por mera comunicação verbal ou escrita.

O referido descumprimento da ordem judicial é um dos vários abusos cometidos ao longo da investigação.

O padre José Eduardo reitera que jamais participou e nem tem condições técnico-jurídicas de participar de qualquer reunião que visasse o rompimento da Ordem Institucional e do Estado de Direito. Como religioso, vai a Brasília desde o ano de 2013 e sempre atendeu todos aqueles que o procuraram para atendimentos de cunho religioso. Foi exclusivamente neste contexto que se deram as visitas dele a Brasília ao final do ano de 2021 em todas as demais vezes que se dirigiu à Capital do país."

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Os palestinos na Faixa de Gaza estão ansiosos para deixar os acampamentos e retornar para suas casas se um acordo de cessar-fogo há muito aguardado interromper a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, mas muitos descobrirão que não há mais nada e nenhuma maneira de reconstruir.

Os bombardeios israelenses e as operações terrestres transformaram bairros inteiros em várias cidades em terrenos baldios cobertos de entulho, com cascas enegrecidas de edifícios e montes de detritos se estendendo em todas as direções. As principais estradas foram danificadas. A infraestrutura crítica de água e eletricidade está em ruínas. A maioria dos hospitais não funciona mais. E não está claro quando - ou mesmo se - muito será reconstruído.

O acordo para um cessar-fogo e a libertação de reféns mantidos por terroristas do Hamas não diz quem governará Gaza após a guerra, ou se Israel e Egito levantarão um bloqueio que limita o movimento de pessoas e bens que eles impuseram quando o Hamas tomou o poder em 2007.

De acordo com estimativas da ONU, a reconstrução total pode levar mais de 350 anos se o bloqueio permanecer.

Infraestrutura destruída

A extensão total dos danos só será conhecida quando os combates terminarem e os inspetores tiverem acesso total ao território. A parte mais destruída de Gaza, no norte, foi isolada e amplamente despovoada pelas forças israelenses em uma operação que começou no início de outubro.

Usando dados de satélite, a ONU estimou no mês passado que 69% das estruturas em Gaza foram danificadas ou destruídas, incluindo mais de 245 mil casas. O Banco Mundial estimou US$ 18,5 bilhões em danos - quase a produção econômica combinada da Cisjordânia e Gaza em 2022 - apenas nos primeiros quatro meses da guerra.

Israel culpa o Hamas pela destruição, por conta do seu ataque ao sul de Israel no dia 7 de outubro de 2023, quando os terroristas mataram 1,2 mil pessoas e sequestraram 250. Este foi o maior ataque terrorista da história de Israel e o maior contra judeus desde o Holocausto. O ofensiva israelense na Faixa de Gaza após os ataques deixou mais de 46 mil mortos, segundo o ministério da Saúde de Gaza, que não diferencia civis de terroristas.

Segundo dados do Exército de Israel, mais de 17 mil terroristas foram mortos. Os militares divulgaram fotos e vídeos mostrando que o Hamas construiu túneis e lançadores de foguetes em áreas residenciais e frequentemente operava dentro e ao redor de casas, escolas e mesquitas.

Entulho

Antes que qualquer coisa possa ser reconstruída, os escombros devem ser removidos - uma tarefa impressionante por si só.

A ONU estima que a guerra tenha espalhado em Gaza mais de 50 milhões de toneladas de entulho. Com mais de 100 caminhões trabalhando em tempo integral, levaria mais de 15 anos para remover os escombros, e há pouco espaço aberto no estreito território costeiro que abriga cerca de 2,3 milhões de palestinos.

O transporte dos escombros também será complicado pelo fato de que eles contêm enormes quantidades de munições não detonadas e outros materiais nocivos, bem como restos humanos. O ministério da Saúde de Gaza afirma que milhares de pessoas mortas em ataques aéreos ainda estão enterradas sob os escombros.

Nenhum plano para o dia seguinte

A remoção dos escombros e a eventual reconstrução de casas exigirão bilhões de dólares e a capacidade de trazer materiais de construção e equipamentos pesados para o território - nenhum dos quais está garantido.

O acordo de cessar-fogo prevê um projeto de reconstrução de três a cinco anos para começar em sua fase final, depois que todos os 100 reféns restantes forem libertados e as tropas israelenses se retirarem do território.

Mas chegar a esse ponto exigirá um acordo sobre a segunda e mais difícil fase do acordo, que ainda precisa ser negociada.

Mesmo assim, a capacidade de reconstrução dependerá do bloqueio, que os críticos há muito condenam como uma forma de punição coletiva. Israel diz que é necessário para impedir que o Hamas reconstrua suas capacidades militares, observando que tubos de cimento e metal também podem ser usados para túneis e foguetes.

Israel pode estar mais inclinado a suspender o bloqueio se o Hamas não estiver mais no poder, mas não há planos para um governo alternativo.

Os Estados Unidos e grande parte da comunidade internacional querem uma Autoridade Palestina revitalizada para governar a Cisjordânia e Gaza com o apoio dos países árabes antes de uma eventual criação de um Estado palestino. Mas isso é um ponto de partida para o governo de Israel, que se opõe a um Estado palestino e descartou qualquer papel em Gaza para a autoridade apoiada pelo Ocidente.

É improvável que doadores internacionais invistam em um território sem governo que viu cinco guerras em menos de duas décadas, o que significa que os extensos acampamentos de tendas ao longo da costa podem se tornar uma característica permanente da vida em Gaza. (Com informações da Associated Press).

Os líderes do G7 endossaram e apoiaram, plenamente, o acordo de cessar-fogo alcançado entre Israel e o Hamas, de acordo com um comunicado divulgado na quinta-feira, dia 16.

Para os líderes do grupo, que reúne os países mais industrializados do mundo, o acordo é um desdobramento significativo que tem o potencial de garantir a libertação de todos os reféns restantes, facilitar ainda mais a ajuda humanitária urgentemente necessária, além de abrir caminho para que os civis retornem e reconstruam suas casas e suas vidas.

Os líderes pediram a todas as partes que respeitem os termos do acordo e participem, construtivamente, na negociação das fases subsequentes para ajudar a garantir sua implementação total e um fim permanente às hostilidades. O G7 disse ainda que mantém a condenação ao Hamas e seu ataque terrorista coordenado contra Israel em 7 de outubro de 2023.

"Instamos o Irã e seus representantes a se absterem de quaisquer ataques adicionais contra Israel. Reafirmamos nosso apoio à segurança de Israel diante dessas ameaças", pontua o comunicado.

Para os líderes, com o cessar-fogo, também é crucial que esta seja uma oportunidade para pôr fim à catastrófica situação humanitária em Gaza, onde as condições continuam se deteriorando.

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, conversou com o presidente da China, Xi Jinping, por telefone nesta sexta-feira. Em publicação na rede social Truth Social, o republicano disse que a ligação foi "muito boa" para os dois países. Segundo Trump, os líderes discutiram o equilíbrio do comércio, o tráfico de fentanil, e a situação do TikTok, que corre o risco de ser banido nos EUA neste final de semana. "Espero que resolvamos muitos problemas juntos e comecemos imediatamente", escreveu o próximo chefe da Casa Branca. "O Presidente Xi e eu faremos todo o possível para tornar o mundo mais pacífico e seguro", acrescentou.