Os juros futuros ampliaram o ritmo de alta no período da tarde, em escalada puxada principalmente pelo ambiente externo de maior cautela. A alta do rendimentos dos Treasuries ganhou força, com a taxa da T-Note de dez anos voltando a romper 4,40%, e o dólar se fortaleceu, refletindo aumento da percepção de políticas econômicas inflacionárias nos EUA no segundo mandato de Donald Trump.A curva, porém, já de manhã vinha pressionada pela ata do Copom considerada "hawkish" ao reforçar a disposição do colegiado em fazer o que for necessário para a ancoragem das expectativas. O mercado ampliou apostas numa Selic terminal mais alta, tanto na precificação da curva quanto entre os economistas, e parte do mercado já trabalha oficialmente com elevação de 0,75 ponto para o Copom de dezembro. A espera pelas medidas fiscais seguiu no pano de fundo.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 encerrou o dia em 13,18%, de 13,15% ontem no ajuste, e o DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 13,34%, de 13,24% ontem. O DI para janeiro de 2029 tinha, no fim da sessão, taxa de 13,16% (de 13,03% ontem).
As máximas da sessão foram atingidas na etapa vespertina, acompanhando a abertura mais acentuada da curva americana. O yield da T-Note chegou perto de 4,45% no pico do dia, com o mercado se posicionando para uma economia mais inflacionária na era Trump.
"Os juros da T-Note de 10 anos abriram. Isso não ajuda. Falta de notícias concretas no fiscal também é ruim e o mercado vai ficando mais cético", resumiu o economista-chefe da Terra Investimentos, João Mauricio Rosal.
O mercado segue no escuro quanto ao anúncio, o escopo e o valor do pacote de corte de gastos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicou ontem que as negociações estavam concluídas, mas o presidente Lula pediu a inclusão de mais uma pasta, que segundo o Estadão, seria a da Defesa.
A questão fiscal, já trazida no comunicado do Copom, foi novamente destacada na ata, que explicitou a importância de se garantir sustentação ao arcabouço e mencionou o desafio de se estabilizar a dívida, devido a "elementos estruturais" do orçamento.
Quanto aos próximos passos da política monetária, parte do mercado viu algum tipo de guidance no parágrafo 15. O economista Marco Antonio Caruso, do Santander, destaca que naquele trecho o Copom sugere que a preferência é "ir mais longe do que acelerar em eventual deterioração adicional".
E, no parágrafo 50, acrescenta Caruso, os diretores afirmam que a dose de 0,5 ponto se mostrava apropriada "diante das condições econômicas correntes e das incertezas prospectivas, refletindo o compromisso de convergência da inflação à meta, essencial para a construção contínua de credibilidade". "O parágrafo complementa que já considerou as 'incertezas prospectivas' nessa decisão. Parece uma defesa implícita, mesmo que tímida, do pace atual", afirma o economista.
O estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, afirma que a ata deu argumento para aqueles que acreditam em um aumento de 0,75 ponto da Selic em dezembro, considerando o atual contexto externo e fiscal mais adverso. "O mercado está preocupado sobre até onde pode subir", diz.
Pesquisa realizada pelo Projeções Broadcast aponta que a divulgação da ata não alterou a aposta majoritária de nova alta de 0,5 ponto no Copom de dezembro, mas reforçou a percepção de que há um risco de Selic terminal mais elevada. Algumas casas, porém, já trabalham com a estimativas de aperto de 0,75 na taxa na reunião do mês que vem, caso da Ativa Investimentos e Asa.
Nos DIs, a precificação acabou se ajustando para um ciclo mais prolongado e com um nível da taxa mais elevado no fim. Para dezembro, caiu de 75 para 72 pontos de ontem para hoje, mas a taxa básica projetada para o fim do ciclo subiu de 13,95% para 14%.
Taxas de juros sobem com exterior, ata do Copom e espera por pacote fiscal
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